Título: Proposta americana para Doha é considerada insuficiente
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/07/2008, Internacional, p. A11
Genebra (Suíça), 23 de Julho de 2008 - Os Estados Unidos tentaram dar prosseguimento aos esforços para salvar um acordo sobre o comércio mundial oferecendo, ontem uma diminuição no teto dos seus polêmicos subsídios agrícolas, mas os principais países em desenvolvimento consideraram a medida insuficiente. A representante de comércio do governo norte-americano, Susan Schwab, anunciou que seu país está pronto para limitar os subsídios a um total de US$ 15 bilhões ao ano desde que países como o Brasil e a Índia também façam concessões para salvar as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Essa é uma importante medida, feita de boa fé na expectativa de que outros agirão de forma semelhante e se apresentarão para melhorar as ofertas sobre o acesso aos mercados", afirmou Schwab. Para o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a oferta dos Estados Unidos de reduzir os subsídios demonstra o "compromisso" de Washington com as negociações para a liberalização do comércio mundial, mas ele quer mais ambição para concluir o acordo na OMC. A proposta feita pela representante americana do Comércio, Susan Schwab, "mostra o compromisso dos EUA com a negociação, mas com um baixo nível de ambição", afirmou Amorim à imprensa, em Genebra. A manobra vinda da parte dos americanos, aguardada havia muito tempo, surgiu em meio a uma semana de esforços feitos por ministros do Comércio para garantir um acordo sobre os produtos agrícolas e manufaturados -- as questões centrais da atual rodada de negociações de Doha, iniciada pela OMC sete anos atrás. "Trata-se de uma proposta razoável neste estágio das negociações", afirmou Peter Power, porta-voz da UE. "Não é o máximo que os EUA podem fazer, mas presumimos que isso dependerá do restante das negociações e do alcance de um equilíbrio em outros setores" Os países em desenvolvimento reclamam há muito tempo do volume enorme de subsídios pagos pelos EUA, o que expulsaria seus agricultores do mercado, diminuindo a oferta de alimentos e contribuindo para a recente disparada dos preços globais. No entanto, os preços altos fizeram com que o governo americano diminuísse os gastos com programas agrícolas criados para incentivar a produção - e que distorcem o comércio - para cerca de US$ 7 bilhões no ano passado, bem abaixo dos US$ 48,2 bilhões permitidos atualmente pelas regras da OMC. Schwab disse que a oferta de ontem demandaria do Congresso americano a reforma das leis do setor agrícola. O presidente dos EUA, George W. Bush, vetou em 2008 uma lei que aumentava os subsídios, mas acabou vendo sua medida derrubada pelos congressistas. A ausência da Índia A ausência de um dos quatro principais negociadores da Rodada Doha, o indiano Kamal Nath tem influência sobre o avanço da reunião. Atrasado por um voto de confiança que ameaçava ontem a sobrevivência do governo indiano, o ministro do Comércio e da Indústria deve chegar hoje a Genebra. "Segunda, terça e talvez quarta-feira serão mais ou menos uma perda de tempo porque Nath não está aqui", afirmou um diplomata. Kamal Nath rejeita as exigências de abertura dos mercados dos países emergentes pelos países industrializados (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Reuters e AFP)