Título: Justiça derruba liminar contra hidrelétrica Mauá, no Paraná
Autor: Staviski, Norberto
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/07/2008, Infra-estrutura, p. C8

Com a suspensão da liminar que condicionava a instalação da hidrelétrica Mauá, no rio Tibagi no estado do Paraná, à realização da avaliação ambiental integrada em toda a bacia do Tibagi por despacho do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Gomes de Barros, na sexta-feira passada, o Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, formado por Companhia Paranaense de Energia (Copel) e Eletrosul, emitiu na segunda-feira a ordem de serviço ao consórcio construtor da usina, localizada entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira, na região central do Paraná. No seu despacho, o ministro disse que os estudos ambientais foram feitos de acordo com o que estabelece a lei e que "não há, portanto, risco de que a proteção ao meio ambiente seja esquecida". O ministro deferiu o pedido de suspensão apresentado pela União por considerar que a referida liminar "provoca imediato dano grave à ordem administrativa e potencial lesão absolutamente nefasta à economia pública". A obra irá custar cerca de R$ 950 milhões e a potência instalada total será de 361 megawatts (MW), energia suficiente para atender a cerca de 1 milhão de pessoas, sendo 350 MW instalados na casa de força da usina principal e mais 11 MW numa pequena central hidrelétrica que será implantada ao pé da barragem. A usina deve entrar em operação comercial a partir de 2011. Segundo a União, caso Mauá não viesse a entrar em funcionamento no prazo previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o sistema elétrico nacional sofreria déficit de energia e a opção mais viável de substituição seria abastecer o mercado com eletricidade oriunda da termelétrica Sepé Tiarajú (UTE Canoas), cujo custo declarado de produção é de R$ 541,93 o megawatt-hora, quase cinco vezes maior que o preço de venda da energia de Mauá - R$ 112,96 por megawatt-hora. De acordo com a Copel, a barragem de Mauá terá dois segmentos principais: um maciço de concreto compactado a rolo, com 496 metros de comprimento e 85 de altura máxima que inclui o vertedouro, e outro de enrocamento com núcleo de argila, com 249 metros de comprimento e 45 de altura máxima. Essas estruturas vão permitir a formação de um reservatório com quase 84 km de superfície. Durante os próximos seis meses, toda infra-estrutura do canteiro de obras será erguida na margem direita do rio Tibagi, em Telêmaco Borba: escritórios, centrais de concreto e de britagem e oficina, além da adequação da rede elétrica, água e esgoto para os alojamentos e refeitórios. Na metade desse prazo, deverá ser dado início à primeira etapa da obra propriamente dita - a construção do túnel por onde o Tibagi será temporariamente desviado enquanto no seu leito natural são erguidos os dois maciços da barragem. O empreendimento deve gerar em torno de 1.500 empregos diretos e mais 700 indiretos. Com a obra, começa também o Plano Básico Ambiental (PBA) da usina hidrelétrica Mauá, que prevê ações de promoção social, capacitação profissional, conservação do patrimônio histórico, cultural e paisagístico. Ao todo, são 34 programas constantes do plano, orçados em cerca de R$ 120 milhões - ou 13% do custo total da hidrelétrica.