Título: Assembléias decidem manter a greve por tempo indeterminado
Autor: Cristina Borges Guimarães
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/09/2004, Nacional, p. A-4

Bancários de 14 capitais decidiram ontem pela manutenção da greve por tempo indeterminado. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, João Pessoa, Florianópolis, São Luís, Belo Horizonte, Curitiba, Natal, Macapá, Salvador, Rio Branco e Belém, segundo balanço parcial da Confederação Nacional dos Bancários (CNB). Nas demais cidades o indicativo de greve é para o próximo dia 21.

Os bancários rejeitaram a proposta apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no último dia 8, que previa reajustes salariais que variavam de 8,5% a 12,77%. A paralisação começou na quarta-feira de forma parcial e atingiu mais os bancos públicos.

Para o superintendente de relações de trabalho da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico, o problema da greve não é a proposta e sim de divisão entre as diferentes facções dos bancários. "A reivindicação de aumento salarial de 25% fazia parte da pauta apre-sentada em junho e após dez reuniões chegamos a proposta final de aumento entre 8,5% e 12,77%. Como é um resultado alcançado na mesa de negociação é difícil mexer. Além disso é a melhor proposta dos últimos dez anos."

Segundo o presidente da CNB, Vagner Freitas, o entendimento com a Fenaban se deu diante da executiva nacional, mas não foi confirmado nas assembléias, que mantêm a reivindicação inicial de 25%. "Estamos fortalecendo o movimento enquanto aguardamos nova proposta da Fenaban", disse o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco (filiado à CUT), Luiz Cláudio Marcolino. Em São Paulo, a assembléia votou contra a proposta patronal na terça-feira e decretou greve a partir do dia seguinte.

Apostólico disse que a Fenaban não recebeu nenhum comunicado oficial dos sindicatos rejeitando a proposta patronal. Portanto, para a Fenaban, o que vale é a negociada com a executiva nacional no último dia 8. Segundo ele, serão tomadas todas as medidas judiciais necessária para manter os estabelecimentos abertos. "O volume de agências paradas não mudou muito de ontem (quarta-feira) para hoje (ontem). São pouco mais de cem agências num universo de cinco mil em São Paulo", disse Apostólico.

Segundo Marcolino, houve ampliação da paralisação em São Paulo. Na quarta-feira, 184 agências e cerca 15 mil bancários pararam. O sindicato avaliou que ontem a greve atingiu 250 agências e 20 mil bancários. "No primeiro dia o movimento se concentrou na região central. Hoje (ontem) foi ampliado para a região da Paulista e amanhã seguirá para os bairros", disse Marcolino. De acordo com ele, a greve atinge majoritariamente os bancos públicos, mas também foi além das agências e atingiu até a matriz dos bancos Safra e ABN Amro, na Avenida Paulista, e do Santander Banespa, no centro.

A proposta rejeitada por 70% dos bancários presentes à assembléia do dia 14, previa reajuste salarial de 8,5% mais R$ 30 para quem ganha salários até R$ 1.500 - o que implicaria em reajustes de até 12,77% e aumento real de 5,75%. Para os que ganham acima de R$ 1.500, o reajuste sugerido era de 8,5%, assim como para as demais verbas de natureza salarial como vales alimentação, refeição e auxílio-creche. O INPC do período foi de 6,64%. A proposta previa Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 80% do salário mais R$ 705 e pagamento de vale-alimentação extra de R$ 217.