Título: Escassez afeta 20% dos postos
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 26/04/2011, Cidades, p. 30

O risco de desabastecimento de gasolina ameaça o funcionamento dos postos independentes ¿ conhecidos como bandeira branca ¿, que representam 20% dos revendedores do DF. A escassez do álcool anidro ¿ que é misturado ao derivado de petróleo na proporção de 25% ¿ tem feito as distribuidoras cobrarem cada dia mais caro daqueles estabelecimentos com quem não possuem vínculo. O produto é entregue com atraso, em quantidade menor do que a encomendada e sem facilidade no pagamento. Empresários dizem que não sabem até quando conseguirão manter os estoques nem segurar os preços nas bombas. A situação só deve começar a se normalizar dentro de 20 dias.

Das seis distribuidoras que costumam abastecer os postos de bandeira branca na capital do país, somente duas estão com produto disponível. Com menos concorrência, os preços dispararam. Ontem, o litro da gasolina era vendido até a R$ 2,81 para estabelecimentos que ainda mantinham R$ 2,94 como preço ao consumidor final. A diferença de R$ 0,13 está bem abaixo dos R$ 0,31 de lucro médio aplicado pelos postos do DF, segundo levantamento da ANP. ¿Não está fácil. As distribuidoras oficiais não têm vendido para bandeira branca. Já tem muita gente trabalhando no prejuízo¿, comenta o gerente da Rede Auto Shopping, Daniel Oliveira.

Thiago Jarjour, gerente de dois postos de bandeira branca, tentou comprar ontem 60 mil litros de gasolina, mas a distribuidora só entregou 30 mil. ¿O produto está escasso de uma forma que o mercado nunca viu¿, disse. Dono de outro posto, em Taguatinga, Carlos Recch também conseguiu negociar apenas metade do que pretendia. ¿A cada dia está ficando mais difícil. Vamos segurar o preço até quando der, mas, se continuar assim, chegará uma hora em que ficará impossível não repassar às bombas¿, afirmou. Caso isso ocorra, o litro poderia chegar a R$ 3,12 ¿ hoje, não passa dosR$ 3,02. O motociclista Tarcísio Mendes, 28 anos, morador de Planaltina de Goiás, se desespera com a possibilidade. ¿Já abasteci a R$ 3,19 perto de casa¿, afirma.

O Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) divulgou nota em que reforça que a migração de consumo para a gasolina, por conta da alta do etanol, sobrecarregou as distribuidoras, provocando ¿gargalos logísticos¿. ¿Podemos reafirmar que o consumidor não teve nem terá problema em abastecer seu veículo. Daqui para a frente, com a intensificação da colheita de cana, a situação só tende a ficar ainda mais tranquila, com preços em queda, provavelmente a partir de maio¿, diz o texto (DA).