Título: Ibama concede licença prévia para Angra 3
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/07/2008, Nacional, p. A4

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu a licença prévia para a usina nuclear de Angra 3, primeiro passo para a retomada das obras que estão paralisadas há 22 anos. A intenção do governo é de começar a edificação da usina em setembro, mas o tempo é curto para que a Eletrobrás cumpra as 60 exigências feitas pelo órgão ambiental para autorizar a construção da usina. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo conta com o começo das obras em setembro, para que o empreendimento não atrase um ano, já que, se os trabalhos não começarem antes do período de chuvas na região, teriam que ficar para 2009. Para isso, é necessário que a licença de instalação seja concedida pelo Ibama até o mês que vem. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, oponente histórico da energia nuclear, disse que a questão dos prazos é de responsabilidade do empreendedor. E que, a ele (e também ao Ibama) cabe fiscalizar se as exigências ambientais serão cumpridas. A Eletronuclear, estatal responsável por todos os projetos nucleares do País, terá que correr para cumprir os condicionantes. Entre as exigências estão a aprovação de um projeto e o começo da execução para destinar o lixo atômico, que deverá ser em condições mais seguras do que ocorre hoje em Angra 1 e Angra 2, além da contratação de um laboratório de monitoramento ambiental independente para acompanhar acidentes e incidentes na usina. Angra 3 terá capacidade para produzir 1,3 mil megawatts (MW) e serão necessários investimentos de R$ 7 bilhões para concluir a usina. Parte dos equipamentos da usina já foi adquirido pelo país em 1999, ao custo de US$ 750 milhões. A construtora Andrade e Gutierrez é quem vai tocar as obras que completa o projeto nuclear na região. Hoje funcionam no litoral fluminense Angra 1 e Angra 2, que juntas têm capacidade para produzir 2.007 MW e respondem por 1,9% da matriz energética brasileira. Alguns passos para agilizar o começo das obras já foram dados, como os estudos de impacto ambiental e as audiências públicas para discutir o projeto. Porém, ainda resta um longo caminho. Um dos empecilhos é a postura contrária de ambientalistas. Dentro do próprio governo a retomada das usinas nucleares enfrentou resistências da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que acabou sendo convencida da necessidade da obra. Quando Dilma foi titular da pasta de Minas e Energia, no primeiro mandato do presidente Lula, defendia a construção de hidrelétricas em vez de tocar adiante o programa nuclear. No entanto,, com as dificuldades de liberação ambiental para a construção das hidrelétricas, aliadas a elevação das tarifas de energia, a ministra mudou de opinião. Além de Dilma, os titulares da pasta do Meio Ambiente, a ex-ministra Marina Silva e o atual, Carlos Minc, foram focos de resistência ao projeto. Marina foi a única a votar contra a decisão de retomar Angra 3.