Título: Copom aumenta dose do aperto e eleva Selic para 13% ao ano
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/07/2008, Finanças, p. B1

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu ontem, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual para 13% ao ano, surpreendendo a maior parte do mercado que esperava um aumento de 0,5 ponto percentual. Em comunicado, o Copom destacou que a medida visa convergir a inflação para o centro da meta em 2009. "Avaliando o cenário macroeconômico e com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para a trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13% ao ano, sem viés", informou a autoridade monetária. Para o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Ratings, Alex Agostini, em elevar em 0,75 ponto percentual a taxa Selic, "a autoridade monetária reconhece que o problema da inflação não é tão simples como o mercado acreditava". "A motivação do Copom em subir a taxa foi a expectativa de inflação se deteriorando muito rápido, especialmente no último mês", destaca Agostini. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, vê na elevação em 0,75 ponto uma mudança de atitude do Copom. "Esta decisão abre espaço para outras altas de 0,75 ponto na Selic, que deve passar de 15% no final do ano", estima. "O Banco Central me parece incapaz de levar o IPCA para 4,5% e não vai ter tempo de mudar isso de modo substancial", avalia Gonçalves. Reavaliação das taxas A elevação da taxa Selic em 0,75 ponto percentual pode ter impacto nas taxas de juros cobradas no cartão de crédito. Para o diretor de marketing da área de cartões do Itaú, Fernando Chacon, uma elevação de meio ponto, esperada pela maioria, já havia sido antecipada pelas instituições. Mas a alta acima das estimativas deve provocar uma reavaliação por parte do mercado. "Vinte e cinco pontos a mais ou a menos não é tanto, mas o sinal emitido, de que o BC está muito preocupado com a inflação, pode provocar nova antecipação por parte das instituições", avalia Chacon. "É difícil segurar um repasse da alta na Selic nas taxas cobradas dos consumidores". A elevação na Selic coloca o Brasil na liderança do ranking mundial de juros reais, com 7,2%, segundo a consultoria econômica Uptrends. Em segundo lugar está a Austrália, com 5,7% e em terceiro, a Turquia, com 5,3%.