Título: Aperto no juro vai afetar o PIB de 2009
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/07/2008, Nacional, p. A5

O aumento mais forte da taxa de juro pode ser uma estratégia do Banco Central para encurtar o processo de aperto monetário, mas comprometerá o ritmo de crescimento da economia em 2009, avaliou ontem o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. Bernardo afirmou que o ritmo de expansão do primeiro trimestre ¿ de 5,8% ¿ foi "muito forte" e pode ter acelerado no período de abril a junho. "Tudo indica que foi até melhor, podendo ter crescido na faixa de 6%", acrescentou. "Nossa aposta é que vamos ter um crescimento de 5%, talvez até passe disso em 2008, mas essa política (de juro) vai afetar o crescimento do ano que vem." "O BC deve ter avaliado que uma pancada mais forte pode encurtar o tempo de luta contra a inflação", afirmou o ministro durante evento no Rio de Janeiro, e arrematou: "mas essa política (de juro) vai afetar o crescimento do ano que vem". Apesar de se mostrar favorável à postura mais agressiva do BC contra a inflação, o ministro do Planejamento reconheceu que o aperto monetária terá efeito negativo sobre a taxa de crescimento do país no próximo ano. Em 2008, Bernardo disse que a economia brasileira pode crescer a uma taxa superior a 5,0%, mas a expansão do ano que vem será freada pela política do BC. No início do mês, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que faria de tudo para trazer a inflação de volta ao centro da meta já em 2009. "A reunião do Copom deu sinal claro de que o governo, principalmente o Banco Central, não está para brincadeira com a inflação", acrescentou o ministro do Planejamento. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ¿ que baliza a política de metas ¿ acumulou nos últimos 12 meses até junho alta de 6,06%. Por isso, palpites de analistas do mercado financeiro já situam a elevação do índice em 6,53% no acumulado do ano, taxa que superaria o teto da meta pela primeira vez desde 2003.