Título: O discurso e as evidências
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 27/04/2011, Política, p. 4

Análise da notícia Marina Silva (PV) costuma repetir que 19,6 milhões de brasileiros validam seu projeto político. ¿Um partido que tem quase 20 milhões de votos não pode mais continuar com direções provisórias¿, criticava a ex-senadora no encontro promovido pelo Transição Democrática em Brasília, na noite de segunda-feira. Marina também falou sobre o Distrito Federal (DF), onde derrotou Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). ¿O DF antecipa tendências, porque é um mosaico do país.¿ A tendência mostrada na passagem da ex-candidata pelo DF foi de isolamento, de dificuldade de sobrevivência política no cenário pós-eleitoral e dentro de um partido que tem o fisiologismo impresso no DNA.

Marina quer chegar forte a 2014, consolidar-se como opção de terceira via e ampliar a votação obtida em outubro de 2010. Mas 2014 é um ano muito distante. A ex-senadora do PV não tem mandato eletivo, não tem maioria dentro do partido, não se apresentou como oposição efetiva ao governo de Dilma Rousseff. Pelo que se viu na reunião do movimento Transição Democrática em Brasília, não surpreenderia a saída de Marina do PV e a fundação de um novo partido. Ela nega. E usa mais uma metáfora para sinalizar ¿ e tentar convencer a militância verde ¿ que a divergência na legenda pode ser superada: ¿As pessoas não devem achar que existe uma cisão de medula e espinha.¿ Se Marina vencer mais essa, vai novamente contrariar todas as evidências. (VS)