Título: Para Lobão, não há risco na construção da usina de Angra 3
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/07/2008, Infra-estrurtura, p. C3

Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, afirmou que o seu ministério fará um "esforço bestial" para resolver as questões que o seu colega do Meio Ambiente, o ministro Carlos Minc, classificou como "exigências brutais" para a construção da usina nuclear Angra 3. "O Brasil precisa dessa energia e vamos começar a construção da obra, que foi paralisada há mais de 20 anos", afirmou Lobão, na sexta-feira, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, em entrevista concedida ao lado do presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. "Não há risco de Angra 3 não ser construída", garantiu. De acordo com Lobão, as exigências feitas pela área do meio ambiente são numerosas. "Algumas delas são fundamentais", admitiu. "As demais serão resolvidas no curso da obra", informou. Na questão do lixo atômico, Lobão informou que o governo tomará todos os cuidados e seguirá o mesmo que é feito internacionalmente. "A França tem uma tecnologia que permite que o lixo seja reaproveitado", disse, exemplificando as possibilidades em estudo. No entanto, frisou o ministro, "essa não é uma questão tão fundamental a ponto de paralisar ou de impedir a construção da térmica".Lobão informou que Minc preconiza um tratamento definitivo ao lixo. "Nós não somos contrários a isso", garantiu. Segundo o ministro das Minas e Energia, a matéria merece todo o cuidado, mas não deve ser motivo para que seja levada "paroxismo". A construção de Angra 3 deverá começar já em 1º. setembro, disse o ministro, ainda que não se tenha encontrado uma solução definitiva para a questão do lixo atômico. "Queremos aproveitar esse tempo sem chuvas para construir a base da usina", justificou. Lobão comentou, ainda, vários outros assuntos. Entre eles, a definição das regras para exploração dos blocos de petróleo da camada pré-sal. Segundo informou, elas devem ser definidas em 60 dias, por recomendação do próprio presidente Lula. "Mas poderemos ir a 90, 120 dias, se necessário. O objetivo é fazer o melhor", disse. Nesta segunda-feira, informou Lobão, haverá a primeira reunião interministerial que contará com o Conselho de Política Energética para o início das discussões sobre o pré-sal. O assunto será, depois, tratado no âmbito do Congresso, caso exija uma nova legislação. Para Lobão, não há motivos para a alegada fuga de capitais do País por parte das empresas privadas de exploração de petróleo, diante das futuras decisões. "O governo não fará nada que não seja na linha do interesse nacional e da responsabilidade", garantiu. O preço do barril de petróleo, a US$ 126, "não é caro", considerando-se os custos de produção e o aumento da demanda, disse Gabrielli, durante a entrevista. "O petróleo é um recurso esgotável", afirmou o executivo. "Para produzir mais petróleo para substituir o barril que você acabou de usar, você tem de descobrir um petróleo que será muito mais caro (para explorar) do que o que você já produziu", acrescentou o presidente da estatal. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Ana Cecilia Americano e Bloomberg News)