Título: BID analisa liberação de mais US$ 2 bilhões para o Brasil
Autor: Ramos, Etiene
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/07/2008, Nacional, p. A4

Depois de passar por seis capitais do Nordeste, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombiano Luiz Alberto Moreno, encerrou as visitas ontem, no Recife, onde reuniu-se com os presidentes das federações de indústrias dos nove estados nordestinos. A passagem por Fortaleza, Teresina, Aracaju, Maceió, Salvador, além do Recife, deu ao presidente do BID a dimensão do desenvolvimento que a região vem alcançando nos últimos anos e que se reflete na demanda de novos pleitos dos seus estados. Com US$ 600 milhões já em execução no Nordeste, o banco analisa a liberação de mais US$ 2 bilhões em pedidos de empréstimos que deverão financiar projetos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata (Promata) e do Monumenta BID. O montante será um acréscimo aos US$ 3 bilhões destinados ao Brasil em 2008, e que poderão chegar a até US$ 4 bilhões, sendo US$ 1,5 bilhão para o setor privado e US$ 2,5 bilhões para o público. Com um índice histórico de 23% dos empréstimos do BID, o Brasil é o primeiro colocado no ranking de liberações, seguido pela Argentina, a Colômbia, o México e o Peru. A média de desembolsos recebidos pelo País é de US$ 1,5 bilhão e a de amortizações é de US$ 500 milhões por ano. "No ano passado transferimos US$ 2,2 bilhões para o Brasil", afirmou o presidente do BID. Segundo ele, a crise internacional não teve forte impacto e os países, embora enfrentem as pressões inflacionárias, estão buscando o equilíbrio macroeconômico. "Não vemos dificuldades para financiamentos dos pleitos. Há uma grande demanda dos países como o Brasil, vinda também da iniciativa privada", afirmou, revelando que, na semana passada, assinou projetos para três usinas de álcool brasileiras, uma em Minas Gerais e duas em Goiás. O vice-presidente do setor privado do BID, Steven Puig, afirmou que a instituição multilateral tem grande interesse em financiar projetos de energias renováveis e de infra-estrutura para o setor agrícola e o turismo, área apontada como de grande potencial no Nordeste. As micro e pequenas empresas vão contar com mais de US$ 10 milhões para microcrédito, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem US$ 1 bilhão para esses financiamentos no mercado doméstico. "Queremos acompanhar pequenos empresários e as cadeias produtivas", disse Puig. Os microempréstimos serão liberados também pelo Banco do Nordeste, o Banco do Brasil e associações e cooperativas de trabalhadores. Para o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Jorge Corte Real, o BID tem revelado uma atenção especial para o empresariado. "Antes o BID era sinônimo de financiamento público, agora acredita mais nos empresários. Estamos nos capacitando para oferecer mais projetos que possam adensar as cadeias produtivas decorrentes dos projetos estruturadores", comentou Corte Real. Um exemplo é o convênio assinado na semana passada entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o BID, que irá garantir US$ 6,6 milhões para o desenvolvimento da competitividade na região do Complexo Industrial e Portuário de Suape.