Título: Desmatamento diminui na Amazônia em junho, diz Inpe
Autor: Ottoboni, Júlio
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/07/2008, Nacional, p. A4

Os níveis de desmatamento da Amazônia diminuíram em junho, segundo o relatório divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram devastados 870 quilômetros quadrados, área 20% menor do que a registrada em maio. O Mato Grosso registrou uma redução de 70% em sua área de devastação florestal, enquanto o Pará apresentou crescimentos de 91% em relação ao mês anterior. Com o bolsão de nuvens concentrado mais na porção norte, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real ( Deter) conseguiu mapear 72% do território da Amazônia Legal em junho. No último mês de maio, 1.096 km foram identificados como desmatamento na Amazônia, já que 46% dos territórios que compõem a região estavam cobertos por nuvens, o que impossibilita o registro das imagens pelos satélites de sensoriamento remoto. A Amazônia Legal é composta pelo Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, além de parte dos Estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Mato Grosso apresentou redução de 70% quando comparado ao mês anterior. Do total detectado em junho, 197 km foram verificados em solo matogrossense, contra 646 km do mês anterior. O Inpe não informou os motivos desta retração. Por sua vez, o Pará apresentou aumento de 91%. São 499 km em junho, confrontados com 262 km em maio. Este crescimento é explicado pela maior capacidade de observação neste mês, pois em maio apenas 41% do Pará foi imagiado pelos satélites. Já em junho a observação aumentou para 75% da área do estado. Os demais estados da Amazônia Legal apresentaram desmatamento pouco significativo, segundo o Inpe. De acordo com relatório do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), recém-divulgado, no período entre agosto de 2007 até junho de 2008, o desmatamento acumulado se encontra em 4.754 km. O mesmo período, entre 2006 e 2007, apresentou 4.370 km. Esse número representa um aumento de aproximadamente 9% na área desmatada em um ano. Em apenas dois anos foram devastados 9.124 km. Em meio a uma das maiores devastações ambientais do planeta, algo a se comemorar. O volume de desmatamento dos dois últimos anos é 48% inferior ao alcançado em apenas um ano, como ocorrido entre agosto de 2004 e julho de 2005, quando se chegou a 18,9 mil km desmatados, segundo estudos do Inpe, que constituem as estatísticas oficiais do desmatamento. Para a qualificação dos dados, o Inpe analisou 21 imagens Landsat, localizadas nos Estados do Mato Grosso, Pará, Rondônia e Amazonas, das quais 20 delas com data posterior a 25 de junho de 2008. Estas imagens permitiram a avaliação de 304 polígonos de desmatamento de um total de 568 alertas do sistema, representando 454 km. Ou seja, aproximadamente 52% da área total dos polígonos do mês de junho. Também são usadas imagens do satélite sino-brasileiro Cbers. Do total das áreas avaliadas, 92% foram confirmadas como desmatamentos, sendo 66,7% do tipo corte raso e 25,3% de degradação florestal. Outros 8% foram considerados como desmatamentos não confirmados. Pelo segundo mês consecutivo, o relatório de avaliação apresenta índice de acerto do sistema do Inpe superior a 88%. Atualmente o Deter é o principal indicador oficial de tendências do desmatamento anual na região. Os dados referentes ao mês de julho serão divulgados no dia 29 de agosto.