Título: Crédito mantém o fôlego e já representa 36,5% do PIB
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/07/2008, Finanças, p. B2

As operações de crédito do sistema financeiro mantiveram o fôlego, apesar da elevação da taxa Selic, das ameaças inflacionárias e dos aumentos da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da taxa de compulsório sobre empresas de leasing. O Banco Central informou ontem que em junho o estoque de recursos emprestados atingiu R$ 1,067 trilhão, o equivalente a 36,5% do Produto Interno Bruto (PIB). É a maior participação desde janeiro de 1995, que chegou a 36,8%. A taxa cresceu em todas as comparações. Em relação a maio, subiu 2,1%, nos últimos 12 meses cresceu 33,4% e em 2008 subiu 14% - puxada pelo aquecimento da economia, com aumento da massa salarial e de emprego. O ritmo do crédito está muito "acelerado nos últimos 12 meses" e, caso se mantenha, pode até superar a meta do BC, de chegar ao fim do ano em 40% do PIB. "Para chegar aos 40% a taxa teria de crescer entre 24% e 25%; então teria que desacelerar um pouco", disse o chefe do departamento econômico do BC, Altamir Lopes. Entretanto, diz Lopes, o ritmo de crescimento não preocupa o órgão, uma vez que o quadro de inadimplência é estável. Em sua análise Lopes destaca que o Banco Central está atento a todo o movimento do crédito. E disse que os recentes aumentos da Selic deverão surtir efeito sobre a demanda. O índice médio geral de inadimplência situou-se 4% em junho. É o menor patamar desde agosto de 2005 quando ficou em 3,9%. A taxa caiu 0,3% sobre maio, recuou 0,3% no ano e declinou 0,7% nos últimos 12 meses. A de pessoa física, que tem o maior risco, desacelerou para 7%, após ficar em 7,4% em maio e em 7,1% em junho de 2007. Tal movimento contraria os analistas de mercado que aguardavam uma elevação dos índices, uma vez que a inflação corrói a renda do trabalhador. Em parte, disse Lopes, a queda da inadimplência reflete algumas operações pontuais em que uma instituição financeira transfere a carteira de crédito para uma não financeira. Ainda assim, disse a inadimplência permanece estável. "Se não fosse isso a taxa (total) teria ficado em 4,2% e a da pessoa física em 7,4%." Segundo Lopes, a alta do crédito nos últimos meses está sendo impulsionada mais pelos financiamentos concedidos às pessoas jurídicas do que as pessoas físicas.