Título: Copom mostra que aperto será mantido
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/08/2008, Finanças, p. B1

O Banco Central endureceu o tom do discurso na ata referente à última reunião Comitê de Política Monetária (Copom) em uma demonstração de que o aperto monetário vai permanecer nos próximos meses. Determinada, a autoridade monetária avisa que o objetivo é trazer a inflação para o centro da meta já em 2009, para 4,5%. Isso levou economistas a estimarem um novo aumento de 0,75 ponto percentual do juro na próxima reunião do Copom. Na ata, os diretores do Banco Central citam ainda que a projeção de inflação para 2008 aumentou consideravelmente em relação a junho e continua "posicionada" acima do valor central de 4,5%. A última pesquisa semanal Focus mostrou que a expectativa de inflação para 2008 subiu para 6,58% ao ano, acima do teto de 6,5%. Entretanto, a ata não confirma se o teto da meta será ultrapassado este ano. Além da deterioração do cenário inflacionário, a economista da Consultoria Tendências Marcela Prada diz que a principal mudança observada na ata, em relação ao documento de junho, é a afirmação de que o objetivo do Copom é trazer a inflação de volta à meta central em 2009. "Nas últimas atas essa frase não existia", recorda ela. O tom agressivo da ata serviu para justificar a dosagem mais forte de aumento no juro, de 0,75 ponto percentual para 13% ao ano na última reunião do Copom, na semana passada. Diante do tom agressivo da ata, Marcela diz ser "provável" que o órgão repita a mesma dose de aumento de juro (0,75 ponto) na próxima reunião. O colegiado do Banco Central voltará a se reunir em 09 de setembro para deliberar sobre a política monetária. Vários fatores, segundo a ata, ameaçam as expectativas de inflação do Brasil. Isso está relacionado tanto com o mercado interno como o externo. No mercado internacional, cita o caso do preço do petróleo que continua "volátil e mantém patamares historicamente elevados", apesar do Copom estimar preços domésticos da gasolina inalterados no restante deste ano. Além disso, a ata diz que a elevação constante dos custos do petróleo no exterior reflete-se na economia brasileira. Ou seja, na cadeia produtiva, como nos preços da petroquímica, e na elevação das expectativas de inflação. A ata chama a atenção para a concessão de crédito, que se mantém elevada. Em junho, por exemplo, o estoque chegou a R$ 1,067 trilhão, 33,4% a mais nos últimos 12 meses. A ata acrescenta que a demanda doméstica permanece muito elevada e diz que a contribuição do aumento das importações beneficiado pelo dólar baixo tem se tornado "menos efetivo" para segurar a inflação. Isso decorre certamente de um descompasso entre a oferta e procura, uma vez que "os efeitos do investimento sobre a capacidade produtiva da economia ainda precisam se consolidar". O documento destaca os preços das commodities, principalmente dos grãos, que se mostram elevados desde junho, apesar do maior pessimismo sobre as expectativas para o crescimento da economia mundial. Mas, vê uma "acomodação nos preços agrícolas" nos próximos meses.