Título: Descartado outro período de esforço concentrado
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/09/2004, Política, p. A-8

Os presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartaram ontem a necessidade de convocação de um novo esforço concentrado para outubro. Ambos acreditam que, a partir do início do próximo mês, os trabalhos legislativos vão retomar seu curso normal. Acreditam que o segundo turno das eleições municipais não vai atrapalhar a votação das matérias que estiverem na pauta do Congresso. "Estive conversando com o presidente João Paulo e a nossa avaliação é de que o trabalho legislativo voltará à normalidade a partir do dia 5 de outubro".

A maior parte das capitais estaduais aponta, pelas pesquisas eleitorais de momento, que haverá segundo turno nas eleições de outubro. Caso isso ocorra, as campanhas se estenderão até o final do mês, quando acontecerá a votação decisiva. Mesmo assim, João Paulo concorda com a opinião do presidente do Senado. "Não haverá mais esforço concentrado", disse o petista.

João Paulo reconhece que as campanhas municipais foram as principais causas do esvaziamento do Congresso no mês de setembro, culminando no fracasso nas votações de matérias consideradas importantes pelo governo. Mas acredita que o peso das eleições diminui a partir do próximo mês, já que o segundo turno é disputado em um número menor de cidades. "Haverá condições de mais liberdade para os deputados virem a Brasília", declarou João Paulo.

Durante o evento `Parlamento Brasileiro, presente, passado e futuro¿, no auditório da Interlegis, no Congresso, na manhã de ontem, o presidente da Câmara defendeu o papel do Legislativo. Apesar de reconhecer que os últimos esforços concentrados foram vãos, já que nada foi votado pelos deputados, João Paulo preferiu comparar este ano com anos eleitorais anteriores. "Mesmo que não haja votação em plenário, a vinda dos deputados a Brasília possibilita que haja um debate. Em outros momentos, não se tinha nada", defendeu.

O líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), também demonstra otimismo na retomada dos trabalhos do Parlamento a partir do mês que vem. A pauta de votações estará trancada por 17 medidas provisórias, além da Lei de Informática, que, aprovada no Senado, retorna a Casa, com urgência constitucional.