Título: Lula inicia consultas para retomar negociação na OMC
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Fonte: Gazeta Mercantil, 04/08/2008, Internacional, p. A11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que está iniciando uma rodada de consultas com os Estados Unidos, Índia e China para tentar salvar as negociações comerciais da Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC). Ontem Lula viajou para a Argentina, onde discutirá o assunto com a presidente Cristina Kirchner. Segundo entrevista do assessor do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, ao jornal Clarin, as diferenças entre Brasil e Argentina manifestadas em Genebra "são uma questão superada". Lula disse ter conversado sobre o assunto por telefone com o presidente dos EUA, George W. Bush, no sábado, e que falará esta semana com o presidente da China, Hu Jintao (com o qual se reunirá em Pequim na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos), e por telefone com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh. Em Washington, a Casa Branca disse que Bush reafirmou o compromisso de buscar a consolidação de um acordo. "Ainda estou otimista em relação à retomada das negociações", disse Lula em São Paulo, à saída de um evento com sindicalistas. "Creio que se for resolvido o problema entre a Índia e os Estados Unidos, o acordo será firmado", acrescentou."Pretendo conversar com o primeiro-ministro Singh, com o presidente Hu Jintao, e já o fiz com Bush, vamos ver se é possível voltarmos para a mesa de negociações", disse. "Pode demorar um mês, dois meses, mas é necessário alcançar um acordo, porque temos de garantir o acesso dos países mais pobres ao mercado dos mais desenvolvidos", concluiu. Segundo Lula, se a Índia e os EUA podem negociar um acordo nuclear, também podem resolver as diferenças comerciais. "Também faz falta", acrescentou Lula, discutir com o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown. China: culpa é dos ricos Em Pequim, o ministro do Comércio da China, Chen Deming, considerou um duro golpe o colapso das negociações, dizendo à imprensa oficial que o país lutará por maior cooperação regional. Os países desenvolvidos culparam a Índia e a China por não darem margem suficiente de negociações durante os debates da OMC. Mas em uma entrevista ao Diário do Povo, jornal de língua chinesa, o ministro do Comércio, Chen Deming, defendeu o país e afirmou que a culpa era dos países ricos. "O fracasso do diálogo é um duro golpe para o sistema de comércio multilateral e não ajuda o desenvolvimento estável do comércio no momento", disse Chen, que participou das negociações, na entrevista publicada ontem. A China promoverá as economias comerciais menos desenvolvidas, disse Chen.