Título: Mais passaportes, mais viagens
Autor: Victor Martins
Fonte: Correio Braziliense, 27/04/2011, Economia, p. 10

A agência do Na Hora na Rodoviária do Plano Piloto abriu um terceiro turno de atendimento para quem quer emitir ou renovar o passaporte. O posto da Polícia Federal na unidade está funcionando das 7h15 às 22h, ininterruptamente. Antes, o horário ia até as 18h30. Com a medida, a PF quer, em dois meses, esgotar a fila de pessoas em busca do documento.

¿Atualmente, quem realiza o agendamento pela web precisa esperar até três meses para ser recebido no posto. Queremos que o cidadão tenha sua demanda resolvida em apenas um dia¿, afirmou o gerente do Na Hora da Rodoviária, Waldeci Barbosa da Silva. Para ser atendido, é necessário realizar agendamento pelo site www.dpf.gov.br. Na mesma página, é gerada a guia de recolhimento da união (GRU) no valor de R$ 156,07. O passaporte também pode ser feito na unidade do Na Hora de Taguatinga, que funciona das 7h30 às 18h30.

A medida anunciada ontem pela PF tem o objetivo de atender ao aumento da demanda por passaportes devido ao crescente número de viagens de brasileiros ao exterior. O rombo nas contas externas tem como um dos principais motores a gastança dos brasileiros lá fora. Apenas em março, as viagens internacionais aumentaram o deficit em US$ 2,9 bilhões. Até o fim do ano, a estimativa do Banco Central é que esse montante alcance US$ 12 bilhões ¿ volume 14,2% maior que o do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre do ano, as despesas nesses passeios chegaram a US$ 4,7 bilhões, o maior resultado para o período desde 1969, quando o BC passou a fazer o levantamento. Com o dólar em ritmo de desvalorização frente ao real, a expectativa dos analistas é que esses gastos avancem ainda mais.

A estudante de Relações Internacionais Lorenna Vieira, 19 anos, fez sua primeira viagem ao exterior neste ano. Voltou da Turquia há cerca de 15 dias, lugar onde passou um mês. Participante de um programa de intercâmbio, viajou para o país e somando todos os gastos de passagem, compras e seguro-saúde, desembolsou R$ 6 mil. Não usei meu cartão de crédito. Preferi o cartão traveller da casa de câmbio. Me ofereceu uma boa cotação e um imposto mais baixo¿, explicou Lorenna. Ela se queixou apenas do custo cobrado no saque, tanto pago no plástico da casa de câmbio quanto no cartão do banco. ¿De R$ 60, paguei quase R$ 16¿, reclamou. Ainda assim, já sonha com a próxima viagem. Pretende ir à Indonésia no fim do ano.

¿O brasileiro está viajando demais. As empresas aéreas quase não dão conta. Com renda em alta e o dólar cada vez mais baixo, ficou fácil ir ao exterior¿, justificou Márcio Cardoso, diretor da Título Corretora de Valores. Até o governo está aproveitando para viajar, gastou US$ 5,9 bilhões no primeiro trimestre do ano. (VM)