Título: Petróleo e Fed ditam o rumo das bolsas
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/08/2008, Finanças, p. B2

A forte queda no preço do barril de petróleo e a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de manter inalterada a taxa básica de juros ao ano ditou o rumo das bolsas no mercado doméstico e internacional. O preço do barril de petróleo WTI fechou o dia em forte baixa de 2,3% em Nova York, cotado a US$ 118,6, menor cotação em três meses. O recuo na commodity, juntamente com a decisão do Fed de manter o juro básico inalterado, puxaram a alta das bolsas de Wall Street. O Fed manteve a taxa básica de juros, os chamados Fed Funds, em 2% ao ano, patamar que está desde abril desde ano, numa tentativa de dar sustentação à economia sem estimular a inflação. O Fed reduziu o juro em 3,25 pontos percentuais desde meados de setembro em resposta à intensa crise imobiliária e à turbulência nos mercados financeiros. "A decisão do Fed não causou surpresa. Eles preferiram manter as opções em aberto", avalia o estrategista-chefe do Crédit Agricole, Vladimir Caramaschi. O índice Dow Jones encerrou a sessão de ontem com forte valorização de 2,94%, nos 11.615 pontos. O índice S&P 500 avançou 2,87%, nos 1.284 pontos e o Nasdaq registrou ganhos de 2,81%, nos 2.349 pontos. O mercado financeiro aguarda ainda para amanhã a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a taxa básica de juros da zona do euro, atualmente em 4,25% ao ano. A expectativa do mercado é de que a autoridade monetária européia decida manter o juro inalterado. Na última reunião, o BCE saiu na frente e decidiu interromper o ciclo de manutenção do juro básico e iniciar o ciclo de aperto monetário para combater a escalada da inflação. O banco central da Inglaterra também decide a taxa básica de juros do país, atualmente em 5% ao ano. Cenário interno Por aqui, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) seguiu a tendência norte-americana, mas encerrou as operações com uma alta bem mais modesta, de 1,55% para 56.470 pontos. A forte queda no preço do petróleo impediu uma valorização maior na Bovespa. No mercado de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os contratos encerraram o dia sinalizando queda. Já no curto prazo as taxas ficaram dentro da estabilidade. "Existe uma percepção do mercado de que a pior fase da inflação já passou e que não haverá repiques nos preços. Se as commodities continuarem caindo podemos ter um recuo maior na inflação", avalia Caramaschi. O contrato DI de janeiro de 2010, o mais líquido, apontou taxa anual de 14,71%, contra 14,79% do ajuste anterior. Janeiro de 2012 fechou com taxa anual de 13,87%, ante 13,97% do último ajuste. No curto prazo, o contrato DI de janeiro de 2009 fechou com juro anual de 13,74%, ante 13,73% do ajuste anterior. O contrato de outubro deste ano registrou taxa de 13,10%, contra 13,09% da véspera. No mercado de câmbio, o dólar comercial acompanhou a tendência internacional de valorização frente as outras moedas e subiu 0,7% para R$ 1,574 na venda. A forte queda no preço do petróleo também impulsionou o movimento de recuperação da divisa norte-americana.