Título: Recuo do IGP-DI surpreende o mercado
Autor: Stecanella, Vanessa
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/08/2008, Nacional, p. A5

O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) fechou julho com alta de 1,12%, taxa que representa recuo de 0,77 ponto percentual em relação a junho, quando a Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pela elaboração deste indicador, registrou inflação de 1,89%. A taxa acumulada no período de janeiro a julho é de 8,35%, enquanto a anualizada mostra alta de 14,81%. O recuo da taxa de inflação no mês de julho foi fortemente pressionado pelos preços no atacado. Segundo a FGV, os preços no atacado medidos pelo Índice de Preços no Atacado (IPA) caíram de 2,29% em junho para 1,28%, uma retração de 1,1 ponto percentual. O IPA tem peso de 60% na composição do IGP-DI. Os preços ao consumidor medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), peso de 30% na composição do indicador, caíram de 0,77% em junho para 0,53% em julho; e o Índice Nacional dos Custos da Construção (INCC) caiu de 1,92% para 1,46%. O INCC tem peso de 10% na formação da taxa. A desaceleração IGP-DI em julho foi maior que a esperada pelo mercado financeiro, o que pode abrir espaço para mais ajuste na renda fixa. A avaliação é do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. De acordo com sondagem realizada pelo Banco Central (BC) e divulgada pelo boletim Focus, a expectativa dos analistas era de alta em torno de 1,47%. Gonçalves acredita que o comportamento, melhor do que o esperado do IGP-DI em julho se deve ao recuo dos preços de produtos agrícolas no atacado (de 3,88% em junho para 1,14% ) e à redução do índice de matérias-primas brutas (de 3,33% para 1,39%), reflexo da queda da cotação de commodities no mercado internacional. "Além disso, as despesas com vestuário e alimentação ficaram menores no varejo, puxando uma redução do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O núcleo do IPC também merece destaque, já que o anterior fica como pico e o corrente volta à média de antes de abril", disse. No entanto, segundo o economista, vale monitorar o desempenho do Índice Nacional da Construção Civil (INCC), que apesar de ter captado uma queda nos gastos com mão-de-obra, por conta do impacto menos forte de menores reajustes de salários em várias capitais, ainda é pressionado pelo preço de materiais que continuam subindo. Comida menos cara O IGP-DI captou queda nos preços dos itens básicos na refeição do brasileiro: carne, arroz e feijão. O comportamento desses itens é captado pelo IPC-DI. Três das sete classes de despesas componentes do índice apresentaram baixas. A maior contribuição para a desaceleração do IPC partiu do grupo alimentação (de 1,85% para 0,83%), com destaque para carnes bovinas (de 8,05% para 3,39%), arroz e feijão (de 11,18% para 2,29%) e hortaliças e legumes (de 0,83% para -1,66%). A FGV também registrou deflação nos preços de vestuário (de 0,56% para -0,54%) e recuo em educação, leitura e recreação (de 0,37% para 0,22%) . Em contrapartida, registraram aumento os grupos: habitação (0,33% para 0,59%), saúde e cuidados pessoais (0,58% para 0,69%), transportes (0,05% para 0,19%) e despesas diversas (0,36% para 0,43%). Nestas classes de despesas, vale mencionar os itens: tarifa de eletricidade residencial (de -0,91% para 1,42%), artigos de higiene e cuidado pessoal (de 0,81% para 1,37%), gás natural veicular (2,24% para 4,12%) e alimentos para animais domésticos (1,20% para 2,17%), respectivamente. ICV também cai O custo de vida do paulistano ficou menor em julho, informou ontem o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). No mês passado, o Índice do Custo de Vida (ICV) registrou alta de 0,87%, o que representa queda de 0,10 ponto percentual em relação a junho. Nos últimos 12 meses, o ICV acumula elevação de 7,05%. As despesas com alimentos (1,47%) continuam a ser o principal fator de alta da inflação, com contribuição de 0,42 ponto percentual para a taxa geral do ICV. Em segundo lugar está o impacto da elevação da energia elétrica, que sozinha contribuiu com 0,24 ponto percentual no cálculo do índice. Ou seja, caso este último item não tivesse sido reajustado, a inflação deste mês seria da ordem de 0,63%. Outro destaque entre as altas foi habitação (1,49%). No sentido oposto, houve retração para os grupos equipamento doméstico (-0,40%) e vestuário (-0,39%).