Título: BC registra expansão da produção industrial
Autor: Ramos, Etiene
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/08/2008, Nacional, p. A6

As projeções mais agressivas de aumento da inflação, minimizadas pelas recentes desacelerações dos indicadores, ainda não são suficientes para representar uma tendência à redução no próximo semestre. A opinião é do diretor de Política Econômica do Banco Central do Brasil, Mário Mesquita, que apresentou ontem, no Recife, o Boletim Regional do Banco Central, uma análise do desempenho da economia por regiões e Estados no primeiro semestre e nos últimos doze meses. "Esperamos alguma acomodação mas ainda não dá para prever. É bom que a gente não tenha sempre surpresas negativas com a inflação", afirmou, acrescentando que o Governo ainda espera fechar 2008 com uma inflação em torno de 6,4%, média abaixo das projeções do mercado financeiro. Para o diretor do BC, embora a economia nacional não esteja descolada das expectativas de desaceleração econômica global, não está mais tão vulnerável aos choques quanto antes. Isso pode trazer uma moderação na expansão da indústria e os efeitos da política monetária também podem influenciar o quadro nacional, mas a previsão do crescimento do PIB em 4,8% em 2008, permanece. Mesquita falou ainda da independência do mercado cambial brasileiro diante da última fuga de dólares. "Ela não representou a venda de um centavo das nossas reservas. A taxa de câmbio pouco se moveu, foi resolvida pelo mercado", afirmou, atribuindo o efeito à atual política de câmbio flutuante, mais flexível que no passado quando o Banco Central precisava entrar com dólares diante de situação semelhante. Pelos resultados do Boletim Regional, a atividade industrial está intensa no país e ainda se trabalha com uma expansão do comércio varejista, porém mais branda do que os 14% registrados este ano. O levantamento do BC confirmou o aumento da produção industrial mais intenso no Nordeste e no Sudeste nos últimos 12 meses. No primeiro caso, o destaque vai para o Ceará onde a indústria cresceu 5,7%, contrastando com uma queda de -2,9% na Bahia e uma um ligeiro aumento de 0,9% em Pernambuco. No segundo, é o aquecimento da indústria automotiva que eleva a produção industrial para 7,8%. Em São Paulo e Minas Gerais, os índices chegaram a 14,23% e a 23%, respectivamente. O Índice de Preços ao Con-sumidor (IPCA), apurado pelo Banco Central, apontou a Região Norte com uma aceleração inflacionária maior que a média nacional, onde o peso dos alimentos chega a 35%, contra 22,5% do Brasil. O Norte teve também o maior índice de inflação dos últimos 12 meses, atingindo 8,53% contra 6,06% do país. O Nordeste veio em seguida, com 7,31%. Até 2006, a região ficava abaixo do índice nacional mas, a partir de 2006, começou a superar o país. No Nordeste, os programas de transferência de renda do governo federal e a oferta de crédito foram importantes para elevar ou manter regular os índices de vendas no varejo que, nos últimos 12 meses, elas cresceram 9,6%, sustentando uma média de 10% desde 2006, e contrastando com a região Norte que registrou apenas 4%, um reflexo do aumento dos alimentos. No Sudeste a inflação ficou em 5,6% nos últimos 12 meses, um crescimento próximo ao nacional. No Sul, onde os alimentos eram mais baratos que a média brasileira, contribuindo para uma inflação menor que o acumulado dos últimos 12 meses, a elevação de 2,88% dos preços de energia, levaram o IPCA para 6,04%. No Centro-Oeste, o índice chegou a 5,47% no mesmo período, puxado também pelo aumento no preços dos alimentos, mas atenuado pela redução no preço da gasolina em Brasília e Goiania.