Título: Chicaroni foi vítima de flagrante preparado, diz advogado
Autor: Ribeiro, Fernado Taquari
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/08/2008, Direito Corporativo, p. A10

Em seu depoimento de cerca de cinco horas, ontem, ao juiz federal Fausto De Sanctis, em São Paulo, o professor universitário Hugo Chicaroni disse que a tentativa de suborno ao delegado da Polícia Federal Vítor Hugo Rodrigues Alves foi "um flagrante preparado" pelo delegado Protógenes Queiroz, ex-coordenador da Operação Satiagraha. O flagrante resultou na prisão de Chicaroni durante as investigações da Satiagraha. Além dele, a PF prendeu o banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Eles foram liberados por determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), mas Chicaroni segue preso, a exemplo do ex-diretor da Brasil Telecom Humberto Braz. "O delegado Protógenes se utilizou de sua amizade para preparar uma operação que deflagrou em sua prisão", disse o advogado de Chicaroni, Alberto Carlos Dias. Segundo o advogado, Protógenes e Chicaroni eram amigos há sete anos. "Almoçavam juntos e conversavam amenidades."O advogado não soube, entretanto, explicar os motivos pelos quais Protógenes teria usado Chicaroni para armar a operação. Afinal, o prefessor universário "não tem qualquer relação com o Opportunityu", acrescentou a advogada Maria Fernanda Carbonelli Muniz, também defensora de Chicaroni. "O que foi esclarecido pelo depoimento de Hugo Chicaroni é que não houve oferecimento de dinheiro, mas houve, sim, um pedido de suborno por parte dos próprios delegados Protógenes Queiroz e Vitor Hugo", disse a advogada. De acordo com o procurador da República, Rodrigo De Grandis, "Hugo Chicaroni confirmou que recebeu R$ 865 mil do Banco Opportunity para um delegado da Polícia Federal a título de propina". Já Daniel Dantas, que também prestou depoimento hoje, ficou em silêncio. E, segundo o procurador, "perdeu a oportunidade de oferecer sua versão sobre os fatos ao juízo federal da 6ª Vara Criminal". Dantas é acusado pela Polícia Federal de liderar um grupo envolvido nos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Segundo seu advogado, Nélio Machado, Dantas deverá ser novamente interrogado pela Justiça no próximo dia 14.