Título: Exportação do campo é recorde
Autor: Tenório, Roberto
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/08/2008, Agronegocio, p. C10

As exportações do agronegócio em julho tiveram crescimento de 50,3% e atingiu US$ 7,9 bilhões, o maior valor já registrado neste período. As importações cresceram 55%, ficando em US$ 1,1 bilhão e o superávit no período foi de US$ 6,79 bilhões (49% a mais). No acumulado do ano, o campo comercializou com o exterior US$ 41,7 bilhões, um incremento de 30%. No mesmo período, as compras somaram US$ 6 bilhões (alta de 44%), o que resultou em um saldo de US$ 34 bilhões, 25% maior na comparação com o mesmo período de 2007. Os três principais produtos exportados de janeiro a julho foram o complexo soja (US$ 11,8 bilhões), carnes (US$ 8,4 bilhões) e produtos florestais (US$ 5,6 bilhões). O câmbio e o crescimento da demanda mundial puxada pela China são alguns dos fatores apontados pelos analistas para o crescimento da soja. No acumulado, o volume do complexo soja cresceu 7,7%, atingindo 26,3 milhões de toneladas. Para Fábio Trigueirinho, secretário geral da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), mesmo com a desaceleração da economia americana, a demanda chinesa por alimentos não deverá diminuir. "Acredito que a crise está mais concentrada nos Estados Unidos", disse. Os preços em alta e o câmbio desvalorizado continuaram impulsionando o resultado com a receita das carnes. O volume embarcado no acumulado do ano foi de 3,5 milhões de toneladas, incremento de 5,6% em relação ao anterior. Em 2007, o item chegou a ameaçar a liderança da soja, quando registrou receita de US$ 11,2 bilhões. Mas a perda do mercado europeu em 2008, que remunera muito bem, voltou a ampliar a vantagem da oleaginosa. O superintendente da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), Rubens Garlipp, explica que o resultado com a receita de janeiro a julho dos produtos florestais foi impulsionado pela desvalorização do câmbio. A queda de 16,6% nos volumes embarcados de madeira, que ficou em 3 milhões de toneladas, foi motivado pela crise imobiliária nos EUA, ressalta Garlipp. "Cerca de 70% da madeira importada por eles são utilizadas na construção civil. Por conta da crise, a expectativa é de que a recuperação desse segmento ocorra em dois anos", estima. Na comparação com 2007, o ranking dos 10 principais produtos do agronegócio exportaram teve uma troca de posições entre o suco de fruta e o fumo. Este último ganhou a 7ª colocação em receita exportada, que no acumulado do ano atingiu US$ 1,3 bilhão. Iro Schünke, presidente do Sindicato das Indústrias de Fumo (Sindifumo), disse que a maior remuneração ocorreu por causa do repasse de custos de produção e da desvalorização cambial. Prova disso, é que o volume embarcado no período é menor que o ano passado. O contabilizado até agora atingiu 361,8 mil toneladas, queda de 4,7%. "Ano passado, período em que o Brasil representou 30% das exportações mundiais, a safra estava mais adiantada. Mas a queda é pontual". Maurício Mendes, presidente da AgraFNP, explica que a queda do suco de fruta no ranking não é grave. "Isso significa que a maior parte da produção é incorporada pelo mercado interno em virtude do aumento da renda da população". Disse ainda que quando a renda da população cresce, a tendência é que o consumo de frutas, verduras e processados aumenta. Até julho, as exportações do item foram de 1,1 milhão de toneladas, queda de 2,5% em relação a 2007.. Em 12 meses, o agronegócio exportou US$ 68 bilhões, número 24% maior que o período anterior, que atingiu US$ 54,8 bilhões. O superávit no período foi de US$ 57,2 bilhões.