Título: Brasil e China fecham parceria no RS
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/08/2008, Infra-estrutura, p. C5
Um novo modelo de negócios entre o Brasil e a China está sendo firmado no município de Candiota, no estado do Rio Grande do Sul. É lá que está sendo construída a Fase C da usina termelétrica de Candiota, que irá gerar energia a partir de carvão mineral. O projeto está sob responsabilidade do grupo chinês Citic e sob supervisão da brasileira Companhia de Geração Termelétrica de Energia Elétrica (CGTEE). O empreendimento, com investimento estimado em R$ 1,2 bilhão, está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A usina irá gerar 350 megawatts, volume suficiente para abastecer uma cidade com 1 milhão de habitantes com o perfil do consumidor gaúcho. A fase C da usina, também conhecida como Candiota III, entrará em funcionamento em janeiro de 2010. Segundo o coordenador-geral da Fase C da CGTEE, Hermes Marques, 90% das reservas de carvão do Brasil estão no Rio Grande do Sul, sendo que 38% está no município de Candiota. Ele aposta na energia térmica a partir do carvão mineral como alternativa complementar ao modelo hidrelétrico atual do Brasil. "Essa obra significa a retomada do programa de construção de usinas a carvão mineral, que estava interrompido há mais de 20 anos", disse Marques. Para ele, outra vantagem é o menor preço da tarifa gerada por essa fonte de energia. "O nosso carvão é de fácil extração. Além disso, o carvão é brasileiro e, portanto, o preço é em real. Não é uma commodity, o que significa uma estabilidade de preço para o consumidor", comentou.Cerca de 70 chineses trabalham hoje na obra, entre gerentes de projetos e engenheiros. Todo o equipamento e maquinário são importados daquele país. "Na China, 75% da energia gerada e consumida tem origem na queima do carvão. Eles estão com a economia crescendo a 10% ao ano e é impressionante o nível de desenvolvimento da indústria de fabricação de componentes e a instalação de usinas térmicas a carvão na China", afirmou Marques. Outras empresas brasileiras de construção foram subcontratadas pela Citic para realização das obras civis. As negociações entre os dois países começaram em 2004, quando a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, viajou para a China e apresentou aos empresários daquele país as possibilidades de investimento na área energética do Brasil. Segundo o vice-presidente do grupo Citic e gerente da Fase C no Brasil, Tao Yang, há grande interesse da China para investimentos na economia brasileira em diferentes áreas. "Nos últimos cinco anos, os negócios entre os dois países cresceram muito e com certeza os comerciantes chineses têm muito interesse aqui. Pelo menos o grupo Citic enxerga essa possibilidade em várias áreas, como a agropecuária, a mineração e a infra-estrutura", afirmou o chinês. Os negócios do grupo chinês são diversificados, incluindo companhias aéreas, de seguros e de construção. A Citic foi parceira do governo chinês na construção do Estádio Olímpico de Pequim. Questões ambientais Sobre as exigências ambientais, Tao ressaltou que a empresa não encontrou dificuldades para cumprí-las, porque na China os padrões de controle são ainda mais rigorosos. "Em uma usina termelétrica, a questão ambiental é uma das maiores preocupações", disse ele. Para Hermes, a nova geração de usinas a carvão já nasce preparada para atender a um rígido controle de poluição. "Por muito, a questão ambiental estava em segundo plano. No Brasil, nossas unidades mais antigas nasceram em um tempo em que o licenciamento ambiental não existia e agora temos um prazo para adequá-las a esse s padrões"