Título: Chile quer aproveitar atividade aquecida e vender mais ao Brasil
Autor: Cavalcanti, Simone
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/08/2008, Nacional, p. A4

De olho no contínuo aquecimento da demanda interna brasileira, o Chile quer garantir o seu filão. Pretende elevar as exportações para o vizinho e, de quebra, tentar levar empresários brasileiros a se instalar lá. Segundo Ricardo Moyano Monreal, diretor comercial da Pró-Chile -instituição homóloga à brasileira Apex -, a intenção é fazer com que a corrente comércio entre os dois países alcance a marca dos US$ 10 bilhões em 2010. Estimativa plausível uma vez que nos últimos anos os negócios entre os países vêm crescendo. De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2000, o volume de transações era de US$ 2,21 bilhões. Cresceu para US$ US$ 3,95 bilhões em 2004. Já no ano passado, a corrente comercial chegou a US$ 7,73 bilhões. E entre janeiro e julho deste ano, a US$ 5 bilhões. Para apresentar seus produtos e convidar à compra a Pró-Chile e o governo chileno por meio do seu Ministério de Relações Exteriores realizam, entre os dias 20 e 30 de agosto, a Semana do Chile em São Paulo. Será a primeira vez em que o país vizinho faz esse tipo de iniciativa no Brasil, seu sétimo destino de exportações. A parte gastronômica será realizada no Hotel Intercontinental e a econômica na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A semana chilena foi criada há três anos e ocorreu em diversos países. Monreal dá idéia da expansão: a semana do Chile, que ocorreu ano passado no México, levou 54 empresas chilenas aquele país. Agora, no Brasil, serão 84 participantes. Desse total, além de empresários ligados à gastronomia (produtores de vinho, salmão e azeite de oliva), também virão os ligados às áreas de engenharia, infra-estrutura e mineração. O interesse aumentou principalmente diante do aquecimento da demanda doméstica, que, com maior renda e mais importações, passa a procurar o melhor custo-benefício. "O Brasil é um mercado que tem de ser bem conhecido e trabalhado com qualidade e preço competitivo", afirma Monreal. Plataforma exportadora O diretor da Pró-Chile disse que também há interesse em atrair empresas brasileiras para fazer do Chile uma plataforma de exportação. Monreal apresenta claras vantagens: como o país tem acordo comercial com a China, é possível importar de lá máquinas e bens de capital de forma geral sem qualquer tarifa de importação. Além disso, garante, a carga de impostos sobre a produção é de 19% sem qualquer tarifa para vendas externas. Ganho em escala O Chile calca o crescimento econômico em exportações. Vende produtos para 54 países que correspondem a 75% do PIB mundial. "Temos como política seguir fazendo acordos para aumentar bem mais as exportações. Com apenas 17 milhões de habitantes, não é possível ficar voltado só ao consumo interno", diz o executivo. Assim como outras economias, o país também sofreu nos últimos anos com a desvalorização do dólar frente a sua moeda, o peso. Porém, lembra Monreal, em vez de voltar-se para o mercado interno onde não há espaço para todos, os empresários aumentaram a produção e exportaram ainda mais para compensar as perdas cambiais com ganho de escala.