Título: Para Garibaldi, agenda está comprometida
Autor: Seabra, Marcos
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/08/2008, Politica, p. A8

O presidente do Senado, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) criticou ontem, em São Paulo, a "excessiva carga tributária que pesa sobre os brasileiros" e disse que o momento é propício para a tomada de grandes decisões na área. Porém, como deixou claro em sua palestra realizada pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), ele não tem esperança de que temas como a reforma tributária e outros projetos prontos para ir a plenário sejam votados a médio prazo. "As principais matérias, e também mais polêmicas, não tem chance de serem votadas pelo menos até o final do mês", acredita Garibaldi. O presidente reconhece que essas matérias - restrições ao registro eleitoral de candidatos com "ficha suja", maioridade penal, regras para o pagamentos de precatórios, entre outros - estão perdendo a concorrência para as campanhas eleitorais municipais. "Estou preocupado com o quórum; as campanhas se mostram mais atraentes para os senadores já que estarão mais perto de suas bases eleitorais, cuidando de seu futuro político", acrescentou. Contraditório, ainda que afirme que o plenário poderia voltar à atividade normal até o final do mês, o peemedebista ao mesmo tempo diz que o ano está comprometido, pois as campanhas eleitorais municipais prosseguem até outubro, sendo que em muitas cidades poderá haver segundo turno, mantendo os senadores fora de Brasília pelo menos até novembro.Garibaldi ainda criticou o Judiciário por "legislar" no lugar dos parlamentares e cita como exemplo a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre os "fichas sujas". Para ele, isso ocorre porque o "Congresso é omisso na tarefa de legislar". O presidente do Senado defendeu também uma reforma política e chegou a criticar o projeto sobre o tema em tramitação na Câmara. "Estamos com uma proposta muito limitada, precisamos ampliar essa discussão". Mas a questão tributária dominou o tema da palestra do peemedebista no evento da ADVB. Na opinião do presidente do Senado, todos os indicadores apontam para a recuperação econômica do País, com índices que atestam a estabilidade do Brasil entre as economias mundiais. "Há questões, porém, que precisam receber tratamento mais adequado para que o País possa efetivamente caminhar pela rota do desenvolvimento auto-sustentável. Nosso sistema tributário apresenta um viés anti-crescimento, por tributar os bens destinados ao ativo fixo das empresas, aumentando, assim, o custo dos investimentos", afirmou.