Título: Déficit em transações correntes é "moderado e sustentável", diz BC
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/08/2008, Nacional, p. A5
Apesar do déficit em transações correntes desenhado para 2008, o Banco Central considera o resultado "moderado e sustentável" em relação à proporção do Produto Interno Bruto (PIB). É o que revela o estudo da autoridade monetária: Evolução dos Indicadores de Sustentabilidade Externa, divulgado ontem. No primeiro semestre deste ano, o déficit foi a US$ 17,402 bilhões, a maior cifra desde 1947, início da série histórica do Banco Central. Porém, o BC vê uma melhora significativa nos números. Nos últimos 12 meses, até junho, o déficit atingiu US$ 18,1 bilhões, o equivalente a 1,32% do PIB. Mas o Banco Central explica que o resultado é menor que a média de países emergentes que têm risco semelhante ao do Brasil, como África do Sul, Croácia, Romênia, Hungria e Índia. Maiores déficits A média dos países selecionados ficou em 2,4% do PIB no período. Os maiores déficits foram observados na África do Sul, com 8,8%, Croácia, 8,6%, Hungria, 3,5% e Rússia, com 5,9% do PIB. Com posição melhor que a do Brasil estão o Peru, com 1,1% do produto e o México, com 0,1% do PIB. No entanto, o Brasil voltou a apresentar déficit nas transações correntes com o exterior depois de cinco anos consecutivos de superávits. Esse período representaram um fato inédito na história econômica nacional, segundo o relatório do Banco Central. Isso porque historicamente o Brasil tem registrado déficit nas transações correntes, cuja média entre 1947 e 2007 é deficitária em 1,75% do PIB. Diante deste cenário, a autoridade monetária cita, no documento, que há "uma evidente melhora", em relação aos anos anteriores. E diz que o vermelho das contas externas ocorre em um momento em que se registra ingressos líquidos de recursos estrangeiros no País. Ou seja, o déficit é coberto pela entrada de investimento estrangeiro direto (IED) no País. Além disso, existem outros ingressos, dentre os quais estão a entrada de investimentos em carteira, como títulos de renda fixa e ações; créditos comerciais e poupança interna, como as reservas internacionais. Reservas "Esses ingressos líquidos têm proporcionado a manutenção do superávit no mercado de câmbio e a continuidade da política de fortalecimento das reservas internacionais do País". Conforme a posição do Banco Central, de ontem, as reservas acumulavam US$ 203,722 bilhões. Hoje a maior parte das reservas é aplicada em títulos públicos dos Estados Unidos. Desde 2006, conforme diz o estudo, o nível de reservas internacionais tem batido recordes sucessivos. Em resumo, diz, o Banco Central, todas as comparações utilizando os indicadores de sustentabilidade externa apontam hoje para maior solidez das contas externas do país, na comparação com a década anterior. Amortizações "Estima-se que, em junho, as reservas internacionais sejam suficientes para superar em mais de três vezes o valor equivalente às amortizações totais da dívida pública e privada, vincendas nos próximos 12 meses", frisa o Banco Central. O valor é bem superior ao da média entre 1995 e 2002 quando as reservas eram suficientes para cobrir amortizações da dívida que vencem em 12 meses em apenas 77,5% do total. A manutenção de um nível adequado das reservas é apontado como uma forma de proteger o Brasil de crises externas e indica que o país é capaz de honrar com seus compromissos, o que melhora o risco país e reduz o custo de captação de recursos pelo setor público e privado.