Título: Fusão conta com aval de tucanos
Autor: Iunes, Ivan ; Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 28/04/2011, Política, p. 5

Dois dos principais governadores tucanos reforçam o coro pela fusão entre PSDB e DEM e acreditam que a melhor época será após as eleições municipais de 2012. Depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitir, na terça-feira, que há entendimentos para unir as duas siglas de oposição e o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, condicionar sua permanência no DEM ao sucesso das negociações, ontem foi a vez de os tucanos Antonio Anastasia (MG) e Marconi Perillo (GO) pedirem que o namoro vire casamento. Assim como FHC, no entanto, a dupla ponderou que, primeiro, o PSDB precisa resolver o racha interno pelo controle da legenda ¿ as brigas resultaram na desfiliação de Walter Feldman, um dos fundadores da sigla, além de seis vereadores paulistas.

Os governadores tucanos decidiram ampliar as negociações pela união, embora preguem cautela. Antonio Anastasia, por exemplo, ressaltou que o alinhamento das duas siglas desde a década de 1990 favorece a evolução para uma união no plano formal. ¿Esse tema está sendo tratado pelas direções nacionais dos partidos, mas ainda haverá muita água a correr sob essa ponte até uma definição. Os dois partidos têm identidade há muitos anos, desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas acho que essa questão de fusão ou só de aliança vai depender ainda de muitas conversas. Vamos aguardar¿, disse Anastasia, após palestra proferida no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), ontem de manhã, em Brasília (leia mais na página 6).

Perda de lideranças O grande entrave para a fusão seria a consequente perda de espaço de atuação da oposição no Congresso Nacional. Caso as duas legendas virem uma só, haverá reduções no número de lideranças, tanto na Câmara quanto no Senado. Além disso, seria complicado acomodar todos os aliados e evitar disputas internas pelo comando dos diretórios regionais. Outro problema seria a diminuição dos cargos comissionados nas três esferas do Legislativo. A criação de uma sigla também prejudicaria os dois partidos nos quesitos tempo de televisão e fundo partidário.

A relação entre tucanos e demistas em Goiás consiste em mais um empecilho, embora o governador do estado, Marconi Perillo, negue a situação. ¿Goiás não criaria nenhum obstáculo à união entre DEM e PSDB. Eu defendo a fusão¿, afirmou Perillo ao Correio. A declaração, entretanto, contrasta com o posicionamento do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO), que tem refutado qualquer negociação nesse sentido.

Antes da junção das duas siglas, entretanto, Perillo afirma que seria necessária a resolução das disputas internas de cada legenda. ¿Defendo que, primeiro, haja a união do PSDB. Não a união de cemitério, a união morta, mas uma viva, com um debate necessário a qualquer partido democrático, que precisa atrair nova gente, se oxigenar. Precisamos trazer nomes novos¿, cobrou Perillo.

Colaborou Leonardo Cavalcanti