Título: Comércio exterior terá R$ 34 bilhões
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/09/2008, Nacional, p. A5

Brasília, 4 de Setembro de 2008 - O governo anunciou ontem investimentos de R$ 34 bilhões para incentivar o aumento das vendas externas brasileiras até 2010 para US$ 208,8 bilhões. Divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a iniciativa foi elogiada por empresas, entre as quais a Odebrecht e entidades, como o Sebrae. Com a meta de elevar a participação das exportações do Brasil em 0,08 ponto percentual nos próximos dois anos, de 1,17% para 1,25% do mercado mundial, o programa prevê elevar em 10% o número de micro e pequenas empresas exportadoras, para um número ao redor de 12 mil até 2010. O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, acredita que serão inseridas 1,2 mil empresas com receita anual de até R$ 2,4 milhões na lista de exportadoras. Chamado de Estratégia Brasileira de Exportação, o pacote de medidas faz parte das metas da política industrial ¿ Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ¿ lançada em maio pelo ministério. Os recursos são provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do PPA (Plano Plurianual), da PDP, e da Lei Orçamentária Anual (LOA). Além disso há recursos do Sebrae e da Agência de Promoção de Exportações (Apex-Brasil). O principal objetivo do governo é aumentar a competitividade das empresas nacionais, afetadas no plano doméstico pela valorização do real diante do dólar e, no cenário internacional, pelas crises nas economias desenvolvidas. Antes de divulgar as ações à imprensa, o secretário de comércio do ministério, Welber Barral, apresentou as medidas a entidades e empresários. Representando a Odebrecht, Antonio Almeida afirmou que a medida vai destravar o comércio exterior do País. "O Brasil vai estar entre os 30 maiores exportadores do mundo até 2010", disse Almeida. Na avaliação do executivo, o governo desburocratiza o comércio exterior com essas medidas. Para atingir as metas, Barral anunciou cinco objetivos a serem concretizados até 2010 para alavancar as exportações brasileiras até o patamar de US$ 208,8 bilhões. Isso equivale a um aumento anual de 9,1% entre 2007 e 2010. O primeiro passo será melhorar a Infra-Estrutura de transportes para aumentar o escoamento da produção brasileira, ampliar as linhas de crédito às empresas, sobretudo às de pequeno porte, desonerar as vendas externas, aumentar o valor agregado dos produtos brasileiros e desburocratizar o setor. Para tanto, serão investidos R$ 21 bilhões nessas medidas que vão absorver a maior parte dos recursos de R$ 34 bilhões. Um outro passo é agregar valor às exportações. Para isso serão alocados R$ 4,2 bilhões a serem utilizados no incentivo à inovação e no fomento da eficiência das cadeias produtivas. Para aumentar a base exportadora, principalmente de pequeno porte, o Ministério do Desenvolvimento reservou uma fatia de R$ 8,3 bilhões. Ainda consta do relatório divulgado ontem o objetivo de ampliar o acesso aos mercados com um aporte de R$ 9,6 bilhões. Com isso, o secretário acredita ser possível incentivar as empresas, avançar nos acordos internacionais e superar barreiras tarifárias com a Rússia e os países da União Européia (UE). Balança de serviços No conjunto de medidas consta ainda a criação da balança de serviços, que até agora não está incorporada às estatísticas do Ministério do Desenvolvimento que retratam o desempenho do comércio exterior. Hoje esses números são contabilizados apenas no Balanço de Pagamentos, pelo Banco Central, e na pesquisa anual de serviços do IBGE. Segundo o ministério, a taxa de crescimento das exportações de serviços hoje já supera a de bens, com alta anual de 25% e 18%, respectivamente. E as vendas de serviços do Brasil já representam 0,7% do mercado mundial. O objetivo é elevar o percentual para 1% até 2010. Para tanto, o governo destinará R$ 1 bilhão para aumentar a base das exportações de serviços. Entre as medidas está o apoio à capacitação de empresas prestadoras de serviços. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Viviane Monteiro)