Título: Mercado local é um dos mais fechados
Autor: Rosa, Silva
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/09/2008, Finanças & Mercados, p. B1

4 de Setembro de 2008 - Apesar de representar cerca de 85% da indústria de fundos da América Latina, com patrimônio de cerca de R$ 1,159 trilhão, o mercado brasileiro de fundos ainda é um dos mais fechados da América Latina, com baixa alocação em ativos externos, sobretudo tendo em vista que 50% desse mercado é formado por clientes institucionais, representados pelos fundos de pensão e de previdência privada. Segundo o principal executivo do HSBC Investments, Pedro Bastos, os fundos de pensão no Brasil têm ainda uma limitação muito grande para investir no exterior, podendo aplicar apenas 3% do seu patrimônio em fundos multimercados, que possuem permissão para investir até 20% de sua carteira em ativos no exterior. Diferentemente dos demais países da América Latina, como o Chile, onde esse limite é de 45%, Colômbia, com 40%, e Peru e México, com 20%. "Precisamos ampliar essa abertura, e acelerar o processo de dolarização da nossa indústria. Talvez se isso tivesse acontecido, os gestores independentes não tivessem sofrido tanto nesta crise", afirma. Bastos diz que a abertura para aplicações no exterior deve melhorar a diversificação dos investimentos e performance dos fundos dos gestores brasileiros. O presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Marcelo Giufrida, ressalta que, apesar da permissão para aplicação em ativos no exterior, há algumas questões regulatórias que precisam ser resolvidas, em relação ao ajuste da divulgação de rentabilidade das cotas dos fundos de investimento (que no Brasil é diária e no exterior, trimestral), custódia e tributação. Hoje a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permite o limite de aplicação de até 20% da carteira em ativos no exterior para fundos multimercado e de até 100% para fundos voltados para investidores superqualificados, que têm mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras. Para o sócio da Mauá Investimentos e ex-diretor do Banco do Central, Luiz Fernando Figueiredo, existe um processo gradual para a mudança em aplicações em ativos no exterior, que deve se dar mais no longo prazo, conforme a queda da taxa de juros promova a migração dos investimentos de baixo risco para ativos mais arriscados. "Por enquanto, a demanda maior é para ativos no mercado local, que oferece ainda interessantes retornos tanto em renda fixa, quanto em renda variável", afirma Figueiredo. S.R.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(S.R.)