Título: Fundo estrangeiro amplia atuação no País
Autor: Rosa, Silva
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/09/2008, Finanças & Mercados, p. B1

São Paulo, 4 de Setembro de 2008 - A expansão da estrutura de plataforma aberta para a distribuição de fundos de investimento e a abertura para investidores brasileiros aplicarem em ativos no exterior trouxeram novas oportunidades para os gestores estrangeiros que planejam ampliar sua atuação no Brasil. De olho no potencial de crescimento desse mercado o banco espanhol Allfunds Bank, especializado na distribuição de fundos de terceiros pretende abrir seu primeiro escritório no Brasil no ano que vem. Criada em 2000, pela parceria do grupo Santander com a Intesa Sanpaolo , o Allfunds Bank conta com escritórios em Madri, Milão, Londres, Luxemburgo e Santiago e pretende ampliar sua presença na América Latina, abrindo mais uma unidade no México em 2010. "Com a abertura do escritório no Brasil a intenção é distribuir fundos offshore para investidores locais", afirma o diretor para a América Latina do Allfund, Víctor Cuenca, durante o FundForum América Latina, promovido pelo IBC. O banco trabalha com mais de 200 gestoras de investimento, oferecendo cerca de 10.500 fundos para o mercado. Há 10 anos no Brasil, a gestora de recursos inglesa Schroder Investment Management também está ampliando o portfólio de produtos distribuídos no País. Segundo o chefe de distribuição nacional da Schroder no Brasil, Eduardo Mendes, há um grande espaço para o crescimento de produtos alternativos que oferecem maior retorno, já que o mercado brasileiro ainda é muito concentrado em renda fixa. "Enquanto a taxa de juros for alta, os investidores não sentirão necessidade de diversificar seus investimentos." Apesar do mercado local ainda oferecer retornos atrativos, Mendes destaca que há interessantes oportunidades de investimento no exterior que a Schroder estuda trazer para o Brasil como fundos que investem em hedge funds, fundos de fundos de private equity, além da aplicação no mercado futuro de commodities. A Schroder tem hoje quatro fundos com foco no mercado de commodities, que investem em derivativos agrícolas, metais e energia, tendo lançado recentemente um fundo que investirá na compra de terras, inclusive no Brasil. "Somos uma das maiores gestoras com aplicação em commodities agrícolas, com cerca de US$ 10 bilhões investidos nesse mercado", diz Mendes. Ele ressalta que apesar da correção dos preços das commodities nos últimos meses, esse mercado deve continuar aquecido nos próximos cinco anos, uma vez que a demanda por esses produtos ainda é maior que a oferta, e não deve ser equacionada no curto prazo. Para Mendes, a abertura do mercado brasileiro de fundos é uma via de mão dupla, oferecendo também a oportunidade de distribuição dos produtos brasileiros no exterior. A gestora lançou recentemente um fundo de ações Brasil, voltado para investidores estrangeiros e domiciliano em Luxemburgo. Além desse fundo, a gestora também distribui um fundo de ações com foco na América Latina e outro voltado para o grupo do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). "A gestora tem cerca de US$ 25 bilhões sob gestão aplicados em emergentes." Presente em 26 países, com 38 escritórios espalhados pela Europa, Américas, Ásia e Oceania, a Schroder possui um patrimônio administrado de mais de US$ 276 bilhões, referente a junho de 2007. No Brasil, a gestora administra cerca de R$ 5,6 bilhões de recursos de investidores institucionais, varejo e private banking, oferecendo produtos como fundos multimercado, de ações, capital protegido e long short, o qual adota posição neutra no mercado de ações, não assumindo risco direcional da bolsa. "Apresentamos um forte crescimento nos últimos 18 meses dos recursos sob administração que passaram de R$ 1,5 bilhão para R$ 6 bilhões, o que demonstra que estamos consolidando nossa presença no Brasil", diz Mendes. Uma das maiores gestoras com US$ 580 bilhões sob sua administração, a Franklin Templeton Investments, também está ampliando sua prateleira de produtos ofertados no Brasil. No País, a empresa tem cerca de US$ 200 milhões sob administração. A gestora tem no mercado local dois fundos de ações, além de uma carteira administrada, e lançou recentemente um fundo Brasil de ações na Coréia do Sul e estuda agora lançar mais três fundos até outubro no Brasil. "Estamos fechando um acordo com uma distribuidora para lançar dois fundos multimercado e um de ações", afirma Heitor de Souza Lima, presidente da Franklin Templeton no Brasil. O diretor executivo da Franklin Templeton que esteve presente ontem no seminário no Brasil, Jed Plafker, afirma que o País tem uma indústria de fundos muito forte, que está passando por mudanças com as novas regulamentações, que devem beneficiar os investidores locais. "Os investidores brasileiros ainda tem uma cultura forte de aplicar no mercado local e devem começar a ser educados para aproveitar as oportunidades de investimento no exterior."(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Silvia Rosa)