Título: Petrobras busca verba do BNDES para plataformas
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/09/2008, Infra-estrutura, p. C4

Rio de Janeiro, 4 de Setembro de 2008 - A Petrobras recorreu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar cinco novas plataformas de petróleo. O valor dos investimentos, que devem ser incluídos no planejamento estratégico da companhia a ser divul-gado em outubro, ultrapassa US$ 6 bilhões, conforme estimativas do mercado baseadas no histórico das encomendas anteriores e na demanda aquecida por equipamentos do setor. O banco também espera pedidos de crédito para a construção de sondas de perfuração, não apenas da Petrobras, mas das petroleiras privadas. As novas plataformas com apoio do BNDES vão produzir petróleo nas bacias de Campos e Espírito Santo. A P-63 deve ser licitada em breve para operar no campo de Papa-Terra, em território capixaba. A P-62 é alvo de negociação entre a Petrobras e o estaleiro Mauá, responsável pela construção da unidade. Prevista para extrair 100 mil barris de óleo por dia do campo de Roncador, na Bacia de Campos, a unidade pode custar até US$ 1,6 bilhão, mais que os US$ 1,4 bilhão inicialmente estimado. As outras três plataformas que a Petrobras planeja encomendar com apoio do banco não foram reveladas. Além dos cinco pedidos em consulta - o primeiro passo para um financiamento do BNDES -, estão em análise operações de crédito para as plataformas P-55, P-56 e P-57, que somam investimentos de US$ 3,6 bilhões. O banco financiará US$ 2,3 bilhões deste montante, mas somente após as duas partes chegarem a um acordo sobre a parcela de compras de bens e serviços executada no País, como informou à Gazeta Mercantil a chefe do Departamento da área de comércio Exterior do banco, Luciene Machado. Premissa para a aprovação do crédito do BNDES, o conteúdo nacional ficará entre 60% e 75%. A P-56 caminha para campo de Marlim Sul, na bacia de Campos. Já a P-55 produzirá óleo pesado em Marlim Sul e a P-57 está destinada ao campo de Jubarte, no Espírito Santo. Clone da P-51, que foi licitada em 2003, a encomenda da P-56 reflete bem como os preços subiram. Primeira grande plataforma construída no País custou cerca de US$ 800 milhões. Projeto igualzinho, o valor final da P-56 pode chegar a US$ 1,2 bilhão, segundo o BNDES. Os problemas com preços que aconteceram durante e depois dos processos de licitação culminaram em atrasos na produção da P-55 e P-57. A primeira está sendo construída no Atlântico Sul e a segunda, no Brasfels, em Angra dos Reis. A Petrobras demorou para concluir as encomendas e agora amarga o descumprimento nas metas de produção. Tanto que dados da balança comercial flagraram um déficit no setor da ordem de 14 milhões de barris no primeiro semestre. As mesmas dificuldades para a construção das plataformas se repetem na fabricação das sondas de perfuração. Antes de a Petrobras lançar um pacote para a compra de 28 sondas, o BNDES recebeu a visita de companhias privadas interessadas em tomar crédito para a encomenda destes equipamentos. Mas não passou de conversa. "As empresas não foram adiante por causa do compromisso de conteúdo nacional", disse Luciene. Segundo ela, porém, o banco deve receber pedidos de outras companhias por crédito para sondas de perfuração. "Talvez agora, com esse déficit tão flagrante de equipamentos no setor, elas se reaproximem". Para Luciene, os desafios de construir sondas vai ser superado, da mesma maneira que a encomenda de plataformas e navios passou a ser feita localmente. "Aos poucos, os fornecedores se preparam como foi no caso de navios e plataformas", disse. (Gazeta Mercantil/Caderno C