Título: Expansão da economia deve ser mantida, afirma Mantega
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/08/2008, Nacional, p. A4

Brasília, 14 de Agosto de 2008 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a desaceleração da inflação, medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é uma tendência em virtude do arrefecimento mundial dos preços das commodities agrícolas, mas ressaltou que o governo precisa se manter atento às ameaças inflacionárias. O ministro avaliou que o governo tem tomado medidas corretas para combater a inflação, mas que não deve exagerar. "O desafio do governo é combater a inflação com a manutenção do crescimento". Mantega afirmou que "serão tomadas as medidas fiscais e monetárias para manter a inflação controlada" e que "a dose do remédio não excederá as necessidades da doença de modo a garantir a continuidade do ciclo de desenvolvimento sustentável", enfatizou o ministro a centenas de empresários que participaram de reunião, em portas fechadas, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), ontem, sobre a conjuntura econômica. Segundo o ministro, a expectativa é de que a inflação fique no centro da meta em 2009 e se mantenha até 2010. "Essa é a trajetória desejável", disse. Quanto a 2008, ele disse que a pesquisa Focus, do Banco Central, já aponta IPCA para 6,45%. Entre as medidas citadas por Mantega para conter a inflação está o aumento da taxa básica de juro (Selic), o principal instrumento do Banco Central para combater a inflação. Além disso, ele destacou o aumento da meta do superávit primário para 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) com o objetivo de aplicar o excedente no Fundo Soberano do Brasil (FSB). E a incidência de alíquotas de IOF, pelo Banco Central, sobre as empresas operadoras de leasing (para encarecer o crédito para aquisição de veículos), que segundo lembrou o ministro, o Banco Central prevê recolher R$ 40 bilhões em compulsório através dessa medida em 2008. O ministro disse também que entre as medidas implantadas pelo governo para impedir o surto inflacionário está o aumento dos recursos do plano safra agrícola para a temporada 2008/09, em R$ 78 bilhões, para elevar a oferta de alimentos na praça. "Acreditamos que algumas medidas ainda não surtiram todo o efeito; algumas só fazem efeito em médio prazo", declarou. Mantega assinalou que "o que está aquecido no País é a demanda doméstica", ao apresentar dados aos empresários sobre a evolução da inflação mundial. O desempenho fiscal do governo no primeiro semestre foi recorde e avaliado como "excelente", pelo ministro. O segundo semestre, no entanto, o desem-penho não será "tão bom assim" em decorrência do aumento de despesas, como o pagamento do décimo terceiro salário do funcionalismo público. O ministro assegurou que as despesas do governo com pessoal estão controladas. Depois de se reunir com os empresários, o ministro disse aos jornalistas que o governo tem tomado as medidas necessárias para evitar que a inflação "se alastre". "O objetivo do governo é dar a dose certa do remédio, pois se for uma dose excessiva ela mata o paciente e se for uma dose menor ela não cura o paciente". Aliviado com o arrefecimento da inflação doméstica nas últimas semanas, Mantega declarou que "o pior já passou", uma vez que vários índices de preços demonstram queda. Ele destacou o recuo do preço do barril de petróleo e das commodities agrícolas. "Já chegamos ao cume da montanha e os preços voltam a cair", disse. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Viviane Monteiro)