Título: Calote chega a 5,9%
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 28/04/2011, Economia, p. 14

Com o aperto do governo sobre os bancos e os juros, o crédito encareceu e, assim como o Banco Central havia previsto, os primeiros sinais de elevação da inadimplência começam a surgir. Cresceu pelo segundo mês consecutivo o calote de consumidores. Em março, 5,9% de todas as dívidas das famílias não foram pagas. Esse movimento também está empurrando o brasileiro para modalidades mais caras, como o cheque especial, cuja taxa chegou a 174,6% ao ano ¿ as concessões de empréstimos, apesar disso, avançaram 9,6% na comparação entre fevereiro e março.

O número que preocupa o governo, porém, é outro. Os atrasos de até 90 dias, que são considerados uma espécie de pré-inadimplência, assumiram trajetória de alta. Até o mês passado, 6,5% (maior nível desde maio de 2009) de todos os créditos no país para consumidores estava nessa situação, considerada o último estágio antes do calote. Frente a fevereiro, houve uma elevação de 0,6 ponto percentual. No acumulado do ano, o incremento foi de 1,2 ponto. ¿Não é um crescimento desprezível¿, destacou o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.

Segundo ele, parte do encarecimento do crédito no país se deve, além do arrocho na taxa básica de juros (Selic) e das medidas macroprudenciais, a uma elevação da inadimplência. As carteiras de crédito de alguns bancos teriam taxas de calote mais elevadas do que a média registrada pelo BC. ¿Cada instituição tem uma sensibilidade maior para registrar o indicador. Nós captamos apenas a média de tudo¿, explicou Maciel.

Quitação As empresas apresentam taxas de inadimplência mais comportadas, pois têm condições diferenciadas, que facilitam a quitação dos empréstimos. ¿As taxas das empresas pouco se alteraram: a inadimplência de 15 a 90 dias ficou em 2,2%, em março, contra 2,1%, em fevereiro¿, relatou Adriano Lopes, economista do Itaú Unibanco. Ainda que o ritmo de expansão seja moderado ¿ apenas 0,5 ponto percentual no ano ¿, a trajetória de dívidas em atraso é de alta. Foram quatro elevações seguidas nas contas vencidas até 90 dias. A parte que é considerada calote representa 3,6% de todos os financiamentos para empresas. (VM)