Título: Cortes até no plano de internet
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 28/04/2011, Economia, p. 17

Os cortes de gastos do governo federal atingiram também o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), projeto do governo responsável pela infraestrutura de internet rápida de baixo custo. A falta de recursos foi agravada ainda pela demora na assinatura de contratos entre a Telebrás, Eletrobras e a Petrobras para uso da rede de fibras ópticas das duas estatais. Após audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, Rogério Santanna, presidente da Telebrás ¿ gestora do plano ¿, admitiu que cobrirá menos de 800 cidades até dezembro, contra previsão inicial de 1.163 municípios.

Dos R$ 226 milhões programados para o orçamento da estatal neste ano, apenas R$ 50 milhões foram descontingenciados. A empresa conta ainda com R$ 316 milhões remanescentes do orçamento de 2010, já empenhados pelo governo, mas que ainda não podem ser usados, porque falta a liberação do Tesouro. ¿Se operássemos no potencial máximo, cobriríamos 800 municípios este ano, mas, devido aos cortes no orçamento, não dá para chegar nem a esse número. Não sei dizer em quantas cidades vamos chegar exatamente¿, declarou Santanna.

Apelo às teles Apesar do atraso, o presidente da Telebrás negou sentir-se desconfortável com a situação e disse que o governo é quem vai decidir o ritmo de implementação da banda larga no país. ¿Quanto mais recurso, mais rápido, quanto menos vai mais devagar¿, emendou. Com relação às declarações recentes do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de que o governo estaria disposto a investir cerca de R$ 1 bilhão por ano na expansão no plano de internet rápida, Santanna disse que, se de fato a aplicação ocorrer, permitirá à estatal alcançar cerca de 150 municípios por mês.

Diante do cenário nebuloso enfrentado pela Telebrás ¿ que inicialmente teria exclusividade no PNBL ¿, o governo federal já admite recorrer às teles privadas para viabilizar o projeto. O plano é considerado prioritário pela presidente Dilma Rousseff, que chegou afirmar ter a intenção de ser a ¿presidente da inclusão digital¿. O plano prevê a cobertura de 68% dos domicílios do país com internet a um preço mínimo de R$ 35 ¿ ou R$ 29 nos estados que abrirem mão do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ¿ e velocidade de 1Mbps (megabit por segundo).

A lentidão provocada por problemas na parcerias com Petrobras e Eletrobras, pode provocar prejuízos maiores. Ao todo, está em análise a utilização de 4,85 mil quilômetros de fibras da Petrobras e outros 14,3 mil quilômetros da rede da Eletrobrás.