Título: Exportação chega a US$ 1,7 bi no semestre
Autor: França, Anna Lúcia
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/09/2008, Empresas, p. C1

São Paulo, 8 de Setembro de 2008 - O dinamismo do setor de celulose no Brasil pode ser comprovado pelo seu movimento. Só no primeiro semestre deste ano foi responsável por cerca de 18% do superávit da balança comercial brasileira, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDCI). De janeiro a junho, o saldo comercial do País foi de US$ 11,3 bilhões. Desse total, US$ 2 bilhões são provenientes de papel e celulose, que ampliou espaço nas exportações. De janeiro a junho deste ano, o valor das vendas externas só de celulose atingiu o patamar de US$ 1,795 bilhão, representando um aumento de 27,3% em comparação ao mesmo período do ano passado (US$ 1,410 bilhão). Em celulose três aumentos de preços foram realizados desde o início do ano. Segundo Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), a China está entre os principais destinos das exportações da celulose brasileira. O valor das vendas externas do produto para esse país cresceu 90% no primeiro semestre de 2008, se comparado ao mesmo período do ano passado, ou seja, subiu de US$ 188,5 milhões para US$ 358,1 milhões. Esse valor representa, 20% do total exportado de US$ 1,8 bilhão. "O crescimento da demanda de papel na China reflete o aumento do PIB daquele país, hoje em 9,3%, que vem colaborando no aumento do consumo de alimentos, móveis, e também de papel destinado aos livros, cadernos, etc. Além disso, neste primeiro semestre houve um crescimento adicional do consumo de papel no mercado chinês por causa das Olimpíadas", explica Elizabeth. Papel O consumo de papel, inclusive, demonstra a evolução de um povo. A medida que a renda melhora as pessoas começam a consumir itens como livros, revistas e jornais. No Brasil, o consumo per capita de papel por ano é de 40 quilos, enquanto nos Estados Unidos esse volume chega a 312 quilos e na Itália 195, de acordo com o coordenador florestal da Bracelpa e gerente de incentivos florestais da Klabin, Evaristo Lopes. Mesmo com as recentes pressões internacionais, com arrefecimento de demanda no hemisfério Norte, provocadas em parte pela crise norte-americana, as empresas não pensam em recuar. Claro que as indústrias estão avaliando a mudança do cenário. Mas muitas apostam que, mesmo com a redução da demanda, o Brasil assuma o fornecimento de outros locais. Justamente essa migração da produção é o que deve sustentar a posição do Brasil. "Somos uma indústria de longo prazo e não dá para investir de um ano para outro", explica Otávio Pontes, vice-presidente da Stora Enso para América Latina. A empresa, que mantém uma joint venture com a Aracruz na Veracel, diz que hoje poderia absorver toda a produção da companhia baiana. Atenta a pujança deste mercado que a VCP faz movimentos para concentrar seus investimentos em celulose, abandonando os negócios no segmento de papel. Começou, no início do ano, com a troca de ativos com a International Paper (IP), onde ficou com a fábrica de Três Lagoas e repassou a unidade papeleira para a gigante mundial. A mais recente tacada foi a oferta de R$ 2,7 bilhões para compra dos 28% das ações da Família Lorentzen na Aracruz. Com o fechamento do acordo, a empresa dá um passo definitivo para fundir suas operações com as da maior produtora de celulose de eucalipto do mundo. Por enquanto, as empresas não falam a respeito do assunto, que até o início de novembro deve ter uma decisão da família Safra, que detém os outros 28%. "A união de VCP e Aracruz é uma tendência importante para unir forças e ganhar peso no mercado mundial", diz o gerente senior especialista em papel e celulose de PricewaterhouseCoopers, Bruno Porto. Segundo ele, a união permite maior sinergia, redução de custos e maior poder de barganha. "Além disso, como o setor é exportador, ele ganha mais força na venda internacional". Isso porque com a receita em dólar ou se reduz custos ou se amplia o volume. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Anna Lúcia França)