Título: Índice de baixa renda tem deflação de 0,34%
Autor: Saito, Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/09/2008, Nacional, p. A6

Rio de Janeiro, 5 de Setembro de 2008 - O Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para os consumidores de menor renda familiar (até 2,5 salários mínimos), registrou deflação de 0,34% em agosto. A informação foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Este é o menor resultado desde junho de 2006. A pesquisa foi realizada nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife. De acordo com a FGV, a queda nos preços dos alimentos entre julho e agosto foi a principal causa do recuo da taxa. O economista André Braz, coordenador da pesquisa, explicou que esses alimentos são, em boa parte, derivados de commodities internacionais, como a farinha de trigo e o óleo de soja, e apresentaram queda de preço. O arroz e o feijão, que são itens de maior peso na cesta básica, também apresentaram recuo importante, pois a demanda no mercado externo também diminuiu. O economista da FGV ressaltou que há a possibilidade desses recuos continuarem durante todo o mês de setembro, mas que existe a incerteza de que esse movimento será duradouro. "A oferta de alimentos no mundo ainda é pequena e há uma demanda crescente em todo o mundo, então essa equação não está completamente equilibrada. Estoques muito baixos com uma demanda aquecida podem favorecer o retorno de uma pressão dos alimentos sobre a inflação, incidindo especialmente sobre a população de baixa renda", afirmou Braz. Os gastos com habitação registraram os maiores acréscimos nas taxas de variação em agosto (3,34% para 3,69%), segundo a FGV. A pesquisa mostra que esse aumento tem relação com a alta significativa nas tarifas de água e de telefonia fixa (4,36% para 5,55%) no último mês, que são as taxas públicas que mais pesam no orçamento das famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos. Braz esclareceu, entretanto, que o aumento já era esperado e que não deve ocorrer nenhum novo movimento nesse sentido nos próximos 12 meses nas cidades onde houve elevação. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Agência Brasil)