Título: Bovespa cai pelo quinto pregão e baixa no ano é de 19,53%
Autor: Carvalho, Jiane ; Pinheiro, Vinícius
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/09/2008, Finanças, p. B1

5 de Setembro de 2008 - O medo de uma recessão segue pautando os negócios no mercado de ações. Ontem, o cenário de desaquecimento global foi reforçado por dados do mercado de trabalho americano e nova redução na expectativa de crescimento do PIB na Zona do Euro. Houve queda generalizada nas bolsas de valores. A Bovespa acompanhou o movimento, fechando com baixa de 3,96%, a 51.408 pontos. Em cinco pregões consecutivos de queda, o Ibovespa acumula recuo de 8,82%. No ano, a perda do principal índice da bolsa brasileira é de 19,53% e em relação ao pico do mercado, registrado em 20 de maio quando o Ibovespa bateu em 73.520 pontos, o tombo é de 30%. O giro financeiro no pregão desta quinta-feira somou R$ 5,21 bilhões. O desempenho do mercado acionário global, particularmente o brasileiro com o forte peso das ações da Vale e da Petrobras na bolsa, tem sido afetado pelo movimento do preço das commodities, pressionado pela expectativa de menor crescimento econômico. "Nós tivemos a semana toda dados ruins, que reforçam o temor de recessão, o que estimulou o movimento de aversão ao risco", explica Jayme Alves, analista da corretora Spinelli. O humor dos investidores foi afetado logo cedo. O BCE (banco central europeu) manteve o juro inalterado em 4,50%, mesmo com a desaceleração da economia, optando por focar no controle de preços. Além disso, o mesmo BCE revisou para baixo a previsão de crescimento econômico do bloco em 2008, de 1,8% para 1,4%, e em 2009, de 1,5% para 1%. As notícias vindas dos Estados Unidos não foram melhores. O setor privado americano cortou 33 mil empregos em agosto. E o número de pedidos de seguro-desemprego subiu para 444 mil. "A semana já estava ruim, com outras notícias que indicavam desaquecimento. Ontem os dados só pioraram esta percepção", diz Alves. Colaboram para a semana ruim o Livro Bege, divulgado na quarta, ao confirmar a fraqueza da economia americana, e a quebra do fundo Ospraie, de commodities, também na quarta. A queda nas bolsas de valores ontem, segundo o chefe da mesa de operações da HSBC Corretora, José Augusto Miranda, foi acentuada pela divulgação de um relatório do banco Goldman Sachs, que rebaixou a recomendação das empresas da indústria automobilística norte-americana e fez projeções negativas para o mercado de aço nos próximos dois anos. "Não por acaso as siderúrgicas brasileiras ficaram entre as maiores quedas do dia", afirma. O gestor de renda variável do Itaú, Michael Araújo, resume o ambiente de incerteza que vive o mercado: "Se você falar com dez pessoas, cada uma delas dará uma explicação diferente para a queda da bolsa". A resposta correta? "Provavelmente a soma de todas elas", considera. Em momentos de turbulência como o atual, o gestor ressalta que é difícil avaliar o real valor dos ativos. No pregão de ontem, as maiores baixas foram BM&FBovespa ON, com 11,34%, Rossi ON recuou 10,75%, CSN ON apresentou queda de 7,57%, Gerdau teve baixa de 7,55% e Gafisa, menos 7,35%. Já as ações ordinárias das Lojas Renner destoaram da tendência baixista e subiram 0,21%, após adquirir as ações da Leader Participações. Ver também págs. B2 e B3(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Jiane Carvalho e Vinícius Pinheiro)