Título: Faturamento do setor gráfico deve crescer 2,8%, para R$ 23 bi
Autor: Elias, Juliana
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2008, Indústria, p. C2

São Paulo, 3 de Setembro de 2008 - A Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) informou ontem que o faturamento do setor teve um crescimento de 1,9% no primeiro semestre deste ano. A previsão é encerrar 2008, ano mais forte, puxado por eleições e encomendas de materiais escolares, com alta de 2,8% no faturamento , para R$ 23,3 bilhões. É uma desaceleração em relação ao ano passado, quando a receita teve incremento de 4,2% sobre 2006. O presidente da Abigraf, Alfried Plöger, destaca entre as razões para o desempenho tímido, o crescimento desproporcional das importações. Estas chegaram a US$ 178,4 milhões no semestre, 41,4% maiores do que em igual período do ano anterior, enquanto as exportações tiveram avanço de 1,6%, para US$ 151,3 milhões. O resultado foi um déficit 219% maior que no primeiro semestre de 2007, ou US$ 27,1 milhões. As importações foram lideradas pelo segmento editorial, inclui livros e revistas (com US$ 62,7 milhões) e de cartões (US$ 50,5 milhões). Nas exportações, embalagens ficaram à frente, somando US$ 49,2 milhões em vendas externas. "Caderno era o produto que mais se exportava, e agora tem uma queda vertiginosa", disse Plöger, citando o dólar e o fechamento do mercado dos Estados Unidos, e o fechamento do mercado dos EUA. Os cadernos representam 4,5% do faturamento das gráficas, cerca de R$ 1 bilhão ao ano, e tiveram queda de 28% nas exportações do semestre, para US$ 36,5 milhões, ante aumento de 15% das importações, para US$ 1,3 milhões. Eleição As campanhas eleitorais podem movimentar o mercado no segundo semestre, mas há maiores restrições. "O Tribunal Eleitoral está mais rígido no controle à impressão dos ""santinhos"", a lei federal não permite mais que os candidatos dêem brindes, como agendas, cadernos. Hoje se joga muito mais com a propaganda gratuita", explicou Alfried Plöger. Dentro do segmento específico de produção promocional, que representa 12% da indústria gráfica, a Abigraf calcula que a demanda no segundo semestre deva ser 30% maior, enquanto até junho teve aumento de apenas 1,4%. A estimativa é que a produção gráfica voltada unicamente para as eleições movimente R$ 400 milhões, o que corresponde a quase 2% do faturamento total. No Rio, a indústria gráfica estima estagnação na venda de livros neste ano. Mas projeta crescimento de 6% na produção por causa das eleições municipais, conforme o Sindicato dos Gráficos no estado. "Lamentavelmente, as editoras não conseguem viver só de livros. Para se tornarem viáveis, as empresas entraram em outras áreas, de propaganda e embalagens", conta o presidente do sindicato que reúne as gráficas do Rio, Carlos Augusto Di Giorgio. "O brasileiro ainda não tem hábito de ler, mesmo com mais dinheiro no bolso", afirmou o executivo ao comparar o crescimento econômico acima de 5% e o desempenho do parado mercado editorial. O executivo afirmou que os livros têm reduzido cada vez mais sua participação no mercado gráfico fluminense. Segundo ele, representavam 35% na década passada e atualmente não passam de 27%. A estratégia de algumas editoras tem sido publicar livros com tiragens menores, além das atividades em propaganda, principalmente no período de eleições. Colaborou Sabrina Lorenzi (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Juliana Elias)