Título: MEC libera R$ 3,5 mi
Autor: Paranhos, Thaís
Fonte: Correio Braziliense, 28/04/2011, Cidades, p. 36

Dezoito dias após a forte chuva do último dia 10, professores e alunos da Universidade de Brasília (UnB) contabilizam os prejuízos. Até agora, os estragos na estrutura física, nos aparelhos eletrônicos e no mobiliário somam R$ 12 milhões. Mas esse número pode aumentar, porque metade dos departamentos, centros e institutos atingidos pelo temporal não entregou o levantamento das perdas. O temporal atingiu o Bloco B, no subsolo do Instituto Central de Ciências (ICC) Norte. Parte do prédio está interditada e o restante está limpo, mas funciona de forma precária.

Diante de tantas dificuldades, pelo menos uma definição foi tomada ontem para ajudar na recuperaração dos danos. O Ministério da Educação (MEC) determinou a liberaração de R$ 3,5 milhões para serem empregados na reconstrução do ICC. A decisão foi tomada pelo ministro Fernando Haddad em reunião realizada pela manhã com representantes da bancada do Distrito Federal no Congresso Nacional. Ele determinou o repasse imediato dos recursos para as reformas de emergência que dispensam licitação. O reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, participou do encontro.

Segundo o decano de administração da UnB, Pedro Murrieta, o recurso será usado rapidamente devido à natureza do problema. Durante a reunião, o reitor se comprometeu a entregar um documento mais detalhado das obras para que o MEC possa liberar mais verba. Outros R$ 8 milhões, de um total de R$ 11,5 milhões estimado pelos decanatos de Administração e de Planejamento e Orçamento, serão necessários para a reconstrução das redes hidráulica e elétrica do ICC Norte.

O coordenador da bancada, senador Rodrigo Rollemberg (PSB), adiantou que existem recursos no orçamento de 2011 e restos a pagar não processados do ano passado que podem ser repassados à UnB. ¿Temos que criar condições para que a universidade retome rápido as atividades de ensino¿, afirmou.

Precariedade Do total previsto em investimentos, cerca de R$ 500 mil servirão apenas para repor os equipamentos que se estragaram com a invasão de água no local. Estimativa dos decanatos de Administração e de Orçamento e Planejamento apontou que R$ 11,5 milhões seriam necessários para recuperar a estrutura física. Para o decano de administração, Pedro Murrieta, os prejuízos podem ser menores do que os previstos. ¿Mas é difícil fazer qualquer previsão, porque as perdas de cada departamento são bastante desiguais¿, salientou.

A pós-graduação em antropologia, também atingida, é um dos setores com balanço dos estragos. A água destruiu os dois banheiros, paredes e computadores. A rede de energia ficou comprometida. Apesar disso, os alunos retomaram as atividades. ¿Estamos funcionando com cerca de 40% da capacidade e de forma precária. Conseguimos recuperar a porta de entrada, a rede elétrica foi reinstalada e a internet deve voltar a funcionar logo¿, adiantou o coordenador do curso, José Pimenta.

Segundo o professor, os dados de pesquisas e de trabalhos dos estudantes foram preservados. ¿Quase todos eles conseguiram salvar os documentos. Apenas um aluno do mestrado perdeu parte da pesquisa¿, disse. Pimenta disse que dará um prazo maior para que ele possa reformular o trabalho ¿ trata-se de um estudo de associações indígenas. ¿A última vez que falei com ele ainda fazia um balanço.¿

Fora do ar As locações do Instituto de Ciências Humanas (IH), que abriga os cursos de geografia, história e filosofia, também ficaram bastante danificadas. A chuva tomou o Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica, o Centro de Documentação Geográfica Milton Santos e o Departamento de Geografia. Quase 20 dias depois do temporal, é possível ver o chão e alguns móveis sujos de lama, além de equipamentos empilhados. As cerca de 3 mil obras do acervo estavam guardadas no centro de documentação e acabaram perdidas.

¿Nossa principal perda é essa quebra de rotina. Nós tínhamos pesquisas e trabalhos em andamento, mas foram paralisados porque os laboratórios estão fechados. Os atendimentos aos alunos também foram interrompidos. As salas dos professores estão muito bagunçadas¿, apontou o chefe do Departamento de Geografia, professor Fernando Sobrinho (leia depoimento).

O diretor da UnBTV, Armando Bulcão, explicou que só será possível avaliar o estrago provocado pela chuva após colocar a emissora para funcionar. Até agora, eles contabilizaram alguns computadores, ilhas de edição e câmeras danificados. A maior preocupação é com o exibidor, aparelho que coloca a TV no ar. ¿É um equipamento novo, funcionava há dois meses. Ainda não ligamos para saber se funciona. Queremos ver isso em 10 dias¿, contou. Outra preocupação de Bulcão é com o acervo. Ele existe desde 1982 e guarda documentos com a história da UnB, da construção de Brasília e da ocupação do DF.

O Bloco B do subsolo foi um dos mais prejudicados e parte continua interditada pela Defesa Civil e só deve ser reaberta após a recuperação. A UnBTV, a Rádio UnB, os anfiteatros 12, 14, 15, 16 e 19, os centros de pós-graduação em sociologia, economia e administração, os centros acadêmicos de história, filosofia e geografia, além da empresa júnior dos alunos de administração, foram bastante danificados.