Título: Acirra-se disputa pelos recursos da região
Autor: lorenzi, Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/09/2008, Infra- estrutura, p. C2

Rio de Janeiro, 1 de Setembro de 2008 - Nem uma gota de petróleo do pré-sal foi produzida ainda e já há uma fila de chapéu na mão interessada em gastar o dinheiro da megadescoberta. Todos querem uma fatia do bolo que só deve ficar pronto a partir de 2014. Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ministros e políticos, todo mundo opina sobre o destino dos recursos e disputa por uma cota na partilha de um produto ainda a ser explorado é acirrada. E quando começar a jorrar petróleo, será que vai ter para todo mundo? Quem largou na frente pedindo a sua "parte nesse latifúndio" foi o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que em junho passado reivindicou recursos para reaparelhar a Marinha, visando defender o próprio pré-sal. Logo em seguida, senadores e deputados iniciaram uma corrida de propostas para o uso dos bilhões, a maioria defendendo a distribuição dos royalties para além dos Estados e municípios produtores. No Congresso, já tramitam projetos destinando o dinheiro do petróleo para as mais diversas áreas. "Nós começamos o discurso do pré-sal pelo fim, só escuto falar de fundo para saúde, fundo para meio ambiente, fundo para a cultura, fundo para a Olimpíada 2016", ironizou o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), um dos palestrantes do evento realizado sexta-feira no Rio de Janeiro. Virou uma "porta da esperança", definiu no melhor estilo fogo amigo o senador Delcídio Amaral (PT-MS). O presidente Lula fomentou o debate pelos recursos ainda inexistentes ao declarar que o pré-sal será usado para fazer política pública, com investimentos na educação e no combate à pobreza. Uma lista de ministros também já manifestou intenção de dividir o dinheiro ainda virtual. O ministro da Fazenda, Guido Mantega , deseja aplicar os recursos do pré-sal no fundo soberano para impedir pressões inflacionárias e mais valorização do real. Fernando Pimentel (Previdência) trabalha para que os recursos gerados com a exploração do petróleo ajudem a pagar o déficit da previdência rural. José Gomes Temporão (Saúde) também defendeu seu quinhão. Já o novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, assumiu a pasta na última quinta-feira definindo até percentual de repasse para sua pasta: 1%. "Nós daremos a cada ministério aquilo que for possível dar. Nem mais, nem menos", alertou Lula na véspera, em resposta ao apressado pedido de Ferreira. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Reuters)