Título: Importação afeta crescimento de pequenas e médias empresas
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/08/2008, Nacional, p. A8

Brasília., 28 de Agosto de 2008 - A valorização do real frente ao dólar ameaça o crescimento de empresas de pequeno e médio porte que atuam no mercado externo, segundo sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a valorização cambial. A pesquisa indica que essas empresas são prejudicadas não só em suas exportações, mas também no mercado interno. Embora a sondagem não quantifique o quanto essas empresas perdem com o dólar barato, o levantamento mostra que duas em cada três empresas da indústria que concorrem com produtos importados reduziram sua participação no mercado doméstico e a metade deixou de exportar ou perdeu participação internacional nos últimos doze meses. Segundo o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, economista Flávio Castelo Branco, houve uma ampliação do número de empresas de menor porte nesse mercado, nos últimos anos, apesar do maior desempenho do comércio exterior estar localizado nas empresas de grande porte. Tendência que está sendo revertida por causa do preço do real frente ao dólar. Médio porte Para o economista da CNI, Paulo Mol, as pequenas empresas já haviam recuado com o processo de valorização do câmbio e muitas já tinham deixado de exportar. Mol disse que o resultado da pesquisa mostra que o processo avançou e já alcançou as empresas de médio porte. "As exportações começam a se deteriorar. O processo saiu do patamar das pequenas empresas e passou para as de médio porte". A pesquisa demonstra que 46% das empresas de porte médio diminuíram a sua participação no mercado externo nos últimos 12 meses e 6% pararam de exportar. Esse percentual é maior do que no segmento de pequenas empresas, onde a redução foi de 42% ou de grandes empresas que reduziram em 37%. Vendas externas As empresas que responderam que mantêm suas exportações inalteradas foram 41% das pequenas, 35% das médias e 43% das grandes. Enquanto aumentaram suas vendas externas apenas 13% das pequenas 14% das médias e 20 das grandes. O levantamento da CNI mostra que 90% dessas empresas tiveram que adotar algum tipo de estratégia para concorrer com os importados. A saída que as empresas encontraram foi a redução de custos e preços para competir no mercado nacional, além de investimentos na qualidade e no design e a busca por novos clientes no exterior. O levantamento mostra que o dólar mais barato fez com que um terço das empresas brasileiras que concorrem com produtos importados baixasse seus preços. Além disso, 50% das empresas disseram ter reduzido custos. Houve melhora também na qualidade dos produtos nacionais similares aos estrangeiros em 35% das companhias. Variações cambiais Os setores mais afetados foram os que estão mais expostos as variações cambiais como o têxtil, de móveis, de madeira e de vestuário. A valorização do real diante do dólar também estimulou a utilização de insumos importados. Quando maior o porte da empresa, mais intenso é o uso de matérias-primas trazidas de fora. A pesquisa indica que 81% das grandes, 61% das médias e 41% das pequenas empresas compram produtos de fora. Sondagem A Sondagem Especial sobre o impacto da valorização do real frente ao dólar foi feita com 1.564 indústrias entre 26 de julho e 6 de agosto deste ano. Entre as empresas consultadas, há 885 pequenas, 458 médias e 221 grandes. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Rivadavia Severo)