Título: Licitações de PCs para educação atraem novas fabricantes
Autor: Valim, Carlos Eduardo
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/08/2008, Empresas, p. C1

São Paulo, 28 de Agosto de 2008 - O volume de computadores a serem licitados pelo governo nos próximos meses para uso em escolas em todo o País atrai cada vez mais interesse das empresas internacionais, como a Dell e a nova NComputing, que traz uma tecnologia diferente, sem a necessidade da instalação de uma máquina com todas as funções comuns a um computador pessoal. A Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), do Ministério da Educação (MEC) soltou edital do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo) - Rural. O programa inclui a compra de 300 mil máquinas para escolas rurais. O mesmo órgão está ainda elaborando um edital para o Proinfo - Urbano, que está sem previsão de lançamento. Há ainda o pregão do Um Computador por Aluno que foi suspenso e que pode ser retomado em breve no Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao MEC, para a compra de 150 mil laptops educacionais. Com pregão eletrônico vencido no começo do ano pela curitibana Positivo Informática, o governo suspendeu o processo pelo preço mínimo ter ficado acima das expectativas iniciais, que ficavam próximas aos R$ 300, um valor que as empresas ainda não conseguem oferecer. A proposta vencedora foi de cerca de R$ 640 por máquina (incluindo gastos para atender às exigências de instalações do edital), mesmo depois de negociações posteriores. Para as próximas disputas, novos competidores entrarão na briga. A Dell realizou ontem em Pequim um anúncio de seus primeiros computadores desenhados especificamente para países emergentes, na linha Vostro A, que podem rodar sistema operacional Linux, geralmente exigido nas licitações governamentais brasileiras, ou a versão mais simples do Windows Vista, da Microsoft. Voltada para pequenas e médias empresas, governo e setor educacional, ela traz dois desktops e dois notebooks que estarão disponíveis em cerca de 20 países, e o Brasil participou da definição das configurações e dos componentes necessários. Segundo o diretor global para mercados emergentes, Fernando Loureiro, a empresa sabe que os governos têm suas limitações orçamentárias e o desafio é pensar em soluções que atendam a essas necessidades. A chegada das máquinas no Brasil ainda deve demorar alguns meses devido às adaptações necessárias para cumprir a Lei de Informática, que exige um certo nível de conteúdo local nos componentes utilizados na montagem do computador, como forma de garantir benefícios fiscais. "Estamos trabalhando a questão tributária e matemática", diz. No anúncio internacional, o preço mínimo anunciado para o desktop da linha foi de US$ 440 e para laptop, US$ 475. A também americana e de fundação mais recente NComputing está trazendo executivos para falar com representantes do MEC esta sexta-feira. O objetivo é explicar a tecnologia desenvolvida pela empresa. Concorrente dos chamados "thin clients" (terminais finos), máquinas que têm o processamento feito a distância por um servidor e acessam informações disponíveis nele - muitos rodam apenas software de navegação na internet e não permitem gravar arquivos -, a tecnologia é diferente por virtualizar até sete computadores de forma mais radical. Esses terminais não possuem nem processador, nem memória ou capacidade de armazenamento, fazendo apenas a comunicação direta com um PC simples, que cumpre essas funções. Isso significa que o acesso do aluno pode acontecer por um custo ainda menor. A empresa é representada no País pela gaúcha Ory Solutions, que já monta suas máquinas no Brasil. Segundo o presidente da Ory, André Mendes de Oliveira, a empresa percebeu a oportunidade de participar desse mercado no último ano, quando houve uma licitação do Proinfo - Rural. Ela foi vencida pela Urmet Daruma, que passou a fabricar computadores no País em 2007, e entregou thin clients para 3.750 telecentros. Na ocasião, a tecnologia da empresa ainda não estava adaptada para rodar a versão do Linux exigida pelo governo, trabalho que já foi finalizado. Se a empresa conseguir demonstrar que a tecnologia se aplica ao Proinfo, essa pode ser uma porta de entrada para novas licitações e se constituir em uma nova concorrente aos tradicionais fabricantes de computadores.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Carlos Eduardo Valim)