Título: Empresário é oportunista de crise, diz Jorge
Autor: Cavalcanti, Simone
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2008, Nacional, p. A6

18 de Agosto de 2008 - O empresário brasileiro é um oportunista de crises e ainda não incorporou a cultura exportadora, segundo avaliação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. "Independentemente da questão cambial, toda a vez em que o mercado interno desaqueceu, houve maior vendas ao exterior", diz. "É muito mais fácil vender ao mercado interno que ao externo". Diferentemente de outros países, o Brasil tem um grande mercado consumidor - 188 milhões de habitantes - e isso acaba dando opções aos empresários. Com uma população de 17 milhões, o Chile não tem opções de crescimento a não ser exportando. Durante as últimas duas décadas a economia brasileira viveu momentos de altos e baixos, lembra Jorge. "A estabilidade econômica é recente e só agora estamos vendo aumento significativo do poder aquisitivo". Ele ressalta que o atual aquecimento da demanda interna tem deixado alguns setores trabalhando em sua capacidade máxima de produção e mesmo assim parte da procura precisa ser suprida por importações. Muito embora o ministro admita que a situação cambial, com a contínua valorização do real frente ao dólar, seja um problema para muitos exportadores, faz questão de ressaltar que o ritmo de vendas não arrefeceu. Segundo Jorge, os embarques crescem a um ritmo de 25% e se mantêm superiores à média mundial (ver tabela ao lado). As importações é que têm aumentado. Se por um lado, os importados "invadem" o mercado brasileiro, por outro, aumentam a corrente de comércio. Entre janeiro e junho deste ano, o total de transações chega a US$ 170 bilhões ante US$ 125,8 bilhões apurados em igual etapa do ano passado. Diante desses dados e da boa situação dos fundamentos da economia brasileira, Miguel Jorge diz acreditar que um possível recuo do saldo da balança comercial para algo próximo ao equilíbrio não é uma crise em si, mesmo quando questionado sobre o desequilíbrio que essa redução pode causar no balanço de pagamentos. "Pode haver uma redução do saldo comercial, mas que será compensado por outras entradas de recursos. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(S.C.)