Título: Unger quer programa econômico-educativo
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2008, Nacional, p. A6

Rio de Janeiro, 18 de Agosto de 2008 - O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, defendeu, na última sexta-feira, a implemenntação de um programa econômico-educativo que dê suporte aos indígenas que vivem na Amazônia. Segundo ele, o assunto precisa ser priorizado ou haverá risco de ocorrer uma "desintegração social indígena". "Eu acho que esse é o grande tema de debate: como dar aos indígenas os instrumentos econômicos e educativos para que eles decidam, coletiva e individualmente, se querem manter as suas culturas ou se querem transformá-las. Do contrário, nós ficaríamos numa combinação paradoxal de generosidade e de crueldade, com risco de os povos indígenas afundarem na desintegração social, por desespero, por falta de alternativas", disse o ministro Mangabeira Unger. Ele participou de debate promovido pelo Grupo de Altos Estudos (GAE) da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão. Unger destacou que as reservas indígenas precisam de uma política adequada de incentivo às suas populações e que a política indigenista brasileira precisa ser revista. A idéia é que os índios tenham terras, mas que isso esteja atrelado ao desenvolvimento auto-sustentável. O ministro enfatizou que a regularização fundiária é o maior problema da Amazônia. E indicou que a falta de uma regularização de terras adequada torna a região "um caldeirão de insegurança jurídica". Segundo ele, "enquanto isso não for feito, não se consegue resolver grande parte dos problemas daquela região". Segundo o ministro, 21% das áreas amazônicas são ocupadas por aldeias que estão "desamparadas". "Santuário intocável" Para manter o desenvolvimento sustentável da Amazônia, e não uma situação de "santuário intocável", ele afirma que a pecuária extensiva deve ser combatida por meio do estímulo a soluções que valorizem os pequenos produtores e a produção de forma sustentável. A pecuária intensiva, a piscicultura e a produção de biodiesel foram algumas soluções apontadas e propostas pelo titular da pasta de Assuntos Estratégicos. Para o ministro, o País deve pensar em desenvolvimento sustentável includente e não em conservação pura e simples. "Não se pode pensar na Amazônia sem pensar no desenvolvimento do Brasil", ponderou. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Agência Brasil)