Título: Desmatamento deve se estabilizar
Autor: News, Bloomberg
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2008, Nacional, p. A6

18 de Agosto de 2008 - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o ritmo de desmatamento da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, deverá se estabilizar este ano, devido ao enrijecimento da legislação de exploração madeireira. A previsão representa uma reviravolta em relação à de abril, quando o governo estimou a primeira aceleração do desmatamento desde 2004. "Estou agora mais otimista", disse Minc em entrevista concedida à Bloomberg News em Brasília. "Estou achando que vamos ficar com o desmatamento igual ao do ano passado.""" A floresta amazônica perdeu 11.224 quilômetros quadrados em 2007, a menor área devastada desde 1991. A atual estimativa do governo, que, segundo Minc, será revisada, prevê uma retração de 12 mil quilômetros quadrados em sua cobertura vegetal para este ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enrijeceu as normas contra a exploração ilegal de madeira desde dezembro do ano passado, como reação a dados preliminares que sinalizaram que a devastação da floresta poderia se acelerar. A disparada dos preços do gado bovino e da soja está levando os pecuaristas a procurar terras para criação de gado na região amazônica. Minc disse que os esforços do governo para combater o desmatamento da Amazônia estão começando a render frutos. O ritmo do desflorestamento vem caindo desde 2004, quando alcançou sua maior alta de nove anos, de 27.379 quilômetros quadrados. A medida mais significativa tomada pelo governo para combater o desmatamento foi reduzir a concessão de empréstimos bancários a produtores rurais da região que não comprovarem que estão cumprindo as exigências ambientais, disse Sérgio Leitão, diretor de Política Pública do Greenspeace de São Paulo. Minc confirmou na sexta-feira a redução de 60% no desmatamento da Amazônia em julho deste ano, em relação a junho, conforme ele havia antecipado na semana passada. Na comparação com julho do ano passado, a queda é maior, ficando entre 60% e 70%. Os dados oficiais sobre a devastação na região só serão anunciados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) no final do mês. Minc disse que parte dessa queda pode ser atribuída ao aumento da fiscalização, com a atuação mais intensa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com o reforço das presenças do Exercito e da Aeronáutica na região e com a estratégia de fiscalização nos entroncamentos rodoviários. Ele também citou como causa da redução os diversos acordos feitos pelo Ibama com setores produtivos. "Nós temos o que comemorar. Em julho, que é um mês terrível por ser de estiagem, tivemos queda no desmatamento de praticamente 60% em relação ao mês anterior", disse Minc. "Uma coisa importante foi que nós fizemos acordos com os setores produtivos: fizemos acordo com o setor da soja, simplificando licença, avançando com o zoneamento ecológico. Eles não vão mais comprar soja de áreas desmatadas da Amazônia". (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Bloomberg News e Agência Brasil)