Título: Equador faz ameaças à Odebrecht
Autor: Cardoso, Denis
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2008, Nacional, p. A7
Quito e São Paulo, 10 de Setembro de 2008 - O Equador impôs um ultimato ontem contra a Odebrecht para que a companhia pague uma indenização por danos causados pela paralisação da central hidrelétrica a San Francisco, sob pena do país iniciar ações legais, encerrar contratos e expulsar a companhia de seu território. As autoridades equatorianas pedem à construtura brasileira uma indenização de US$ 12 milhões pela paralisação da usina, construída pela brasileira ao custo inicial de US$ 300 milhões e atualmente operada por uma estatal equatoriana. Localizada no centro do Equador, a hidrelétrica de San Francisco é a segunda maior do país e responde por cerca de 12% da capacidade energética do Equador. A central foi inaugurada no ano passado, mas desde 6 de junho vem apresentando falhas técnicas que a obrigaram a interromper a geração, colocando em risco o abastecimento de energia do país andino. "Se a Odebrecht não acatar as exigências imediatamente, terá que se preparar para sair do país porque todos os seus contratos serão encerrados", afirmou ontem o presidente da estatal Fondo de Solidaridad, Jorge Glas. Procurada pela Gazeta Mercantil, a Odebrecht confirmou ontem, por meio de sua assessoria, a paralisação da usina no Equador "desde julho último", em função de problemas técnicos "no túnel que leva água para as turbinas da central". No entanto, de acordo com a assessoria, "o consórcio Odebrecht/Va tech/Alston", responsável pela obra, assumiu "todos os gastos de reparação na hidrelétrica, que somam cerca de US$ 25 milhões, até que as causas dos problemas sejam determinadas por uma auditoria independente". Além disso, a construtora brasileira informou ainda que pretende fazer um "depósito garantia de US$ 35 milhões" na conta do governo equatoriano até que a empresa de auditoria independente conclua os seus trabalhos de avaliação". O presidente do Equador, Rafael Correa, havia solicitado que a Odebrecht assumisse o pagamento das indenizações pela paralisação da usina, que tem 230 megawatts de capacidade instalada, e devolver um prêmio pago pelo governo pela finalização do projeto antes do prazo previsto. A companhia, que não chegou a responder às exigências econômicas do Equador apesar das ameaças de Correa de expulsá-la do país, mas se prontificou em reparar a represa até 4 de outubro e ampliar a garantia do projeto. "O consórcio concedeu uma garantia de cinco anos para os trabalhos que se realizam atualmente no projeto, apesar da obrigação contratual determinar 180 dias", informou a Odebrecht em nota publicada em meios locais que não faz referência às ameaças do governo equatoriano. Projetos em construção A Odebrecht tem outros projetos no Equador como a construção de outra central hidrelétrica, uma estrada e um aeroporto na região amazônica, contra-tos que representam cerca de US$ 800 milhões, segundo as autoridades do país. De acordo com Jorge Glas, o presidente da estatal equatoriana Fondo de Solidaridad, essas obras também serão dadas por encerradas caso não ocorrer uma resposta imediata que reconheça as reparações pedidas pelo país, apesar de não se encontrarem dentro do contrato. "Caso não haja resposta hoje (ontem), se dará o encerramento dos contratos de forma unilateral. É um caso penal e iremos até as últimas conseqüências", acrescentou. A Odebrecht enfrenta uma investigação por parte de autoridades equatorianas que busca determinar se os montantes alocados nos projetos são os adequados. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Reuters e Denis Cardoso)