Título: Brasil melhora pouco em indicador do Bird
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2008, |ntercional, p. A12
São Paulo, 10 de Setembro de 2008 - O Brasil ganhou uma posição no ranking global do estudo Doing Business 2009, publicado anualmente pelo Banco Mundial (Bird) e pelo seu braço financeiro voltado para a iniciativa privada, a International Financial Corporation (IFC). Ganhou uma posição e ficou na 125 colocação em um conjunto de 181 economias globais na pesquisa que mostra onde é mais fácil fazer negócios. Mas se não fosse a inclusão de Brunei, Bahamas e Catar - que entraram no ranking em classificações melhores do que o País -, teria melhorado quatro posições, informa a economista da IFC e do Bird, Rita Ramalho, que participou da elaboração do relatório de 211 páginas divulgado ontem pelas duas instituições. Entretanto, nesta lista liderada por Cingapura, Nova Zelândia e Estados Unidos, o Brasil ficou atrás da maioria dos vizinhos sul-americanos como Chile, Colômbia, Argentina, Paraguai e Uruguai e de economias bem menores tanto em Produto Interno Bruto (PIB) quanto em população, como Suazilândia (108 lugar), Zâmbia (100), República Dominicana (97), Botsuana (38) e Azerbaijão (33). Este último foi o grande destaque do estudo. Saltou nada menos que 64 degraus. "O Azerbaijão foi o país que mais fez reformas positivas para melhorar o ambiente de negócios", afirmou Rita em entrevista por telefone. "O Brasil teve melhora nos procedimentos de importação e exportação, que ajudaram o País a melhorar a classificação em relação ao ano passado, mas ele não acompanhou o ritmo de seus vizinhos ou mesmo dos Bric (grupo de países emergentes de crescimento rápido integrado por Brasil, Rússia, Índia e China)", informou a economista de origem portuguesa. Ela destacou que o Brasil continuou na última colocação entre os países Bric. "A Índia fez menos reformas neste ano, mas mesmo assim continuou à frente do Brasil", lembrou ela. A Índia desceu dois degraus para a 122 colocação enquanto a China subiu da 90 para a 83 posição. Já a Rússia caiu da 112 para a 120 classificação. (Ver tabela acima) O Brasil continuou entre os países menos atraentes para se abrir uma empresa, figurando entre as nações com os prazos mais extensos e com maior número de procedimentos. Na Nova Zelândia, por exemplo, é necessário apenas um dia para se abrir uma empresa. No Brasil, 152 dias e no Suriname, mais de dois anos. A economista informou que foi computada apenas uma reforma regulamentar para o Brasil no estudo. "Houve uma melhora também em um item sobre a facilitação da venda de propriedades entre empresas, cujo prazo caiu de 46 para 42 dias, mas isso acabou não constando no estudo", disse. Entre os países da América Latina, o Chile continuou como o melhor colocado da região apesar de ter perdido posições em relação ao estudo do ano passado. Ficou com a 40 posição no ranking geral. Em segundo lugar, ficou a Colômbia, que foi o país que mais realizou reformas e pulou do 66 lugar para a 53. Reformas recordes De acordo com Rita, o estudo registrou um número recorde de reformas em geral: foram 239 em 113 países. "Foi um volume surpreendente", comentou a economista. A África foi a região que mais realizou reformas, também teve destaque, batendo recorde de reformas. Foram 58 mudanças regulamentares em 28 países no continente mais pobre do globo. Ela lembrou também que Leste Europeu e Ásia foram regiões com maior volume de reformas. Já a América Latina conseguiu se destacar pouco nesse quesito. "A região foi o continente que menos fez reformas, mas pelo menos cada país fez ao menos uma", disse ela, acrescentando que ao todo os 19 países da região realizaram cerca de 30 reformas - entre as quais 17 foram para a facilitação do pagamento de impostos. "A Colômbia foi o destaque na região realizando cinco reformas." (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Rosana Hessel)