Título: Noruega vende ações do grupo Rio Tinto
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2008, Governança, p. B4

Oslo (Noruega), 10 de Setembro de 2008 - O fundo soberano da Noruega vendeu toda a sua participação de US$ 850 milhões no grupo de mineração Rio Tinto, acusando a empresa de dano ambiental na Indonésia, informou o governo norueguês ontem. O fundo concentra recursos gerados pelo petróleo e gás da Noruega em ações e bônus estrangeiros. É o maior investidor em ativos do mercado europeu, mantendo em média aproximadamente 1% das ações listadas no continente. O Ministério das Finanças excluiu a companhia mineradora do fundo de US$ 375 bilhões, como parte de um movimento por investimentos éticos. O governo vendeu no primeiro semestre deste ano ações da Rio Tinto que no final de 2007 equivaliam a um total de 4,85 bilhões de coroas (US$ 855,5 milhões). O fundo investe sob certas diretrizes éticas definidas pelo governo. No passado, o fundo excluiu empresas fabricantes de armas nucleares ou de munições de fragmentação e aquelas consideradas responsáveis por danos ambientais, ou que abusaram de trabalhadores ou violaram direitos humanos. O fundo soberano da Noruega está sendo avaliado pela comissão interministerial criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para traçar diretrizes de exploração do petróleo da área pré-sal, uma faixa que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina em águas ultra-profundas da costa brasileira. Com o uso do fundo, o país que arrecada muitos recursos com o petróleo pode investir fora do país e evitar um surto inflacionário. Freeport McMoRan A ministra da Economia da Noruega, Kristin Halvorsen, afirmou que os problemas do fundo com a Rio Tinto, segunda maior produtora de minério de ferro do mundo, envolvem uma joint venture com a Freeport McMoRan, grupo excluído pelo fundo em 2006, na mina Grasberg, na Indonésia. "A mina Grasberg despeja quantidades muito grandes de resíduos diretamente no sistema natural fluvial; aproximadamente 230 mil toneladas ou mais por dia", disse a ministra em comunicado, acrescentando que não vê nenhuma mudança sendo tomada sobre esse problema. O porta-voz da Rio Tinto, Nick Cobban, afirmou que a empresa tem "um histórico exemplar em questões ambientais e elas recebem a prioridade mais alta em tudo o que fazemos". "O atual sistema de resíduos é inquestionavelmente o mais apropriado, dado os altos índices de chuva e geologia sismologicamente instável da região", disse o executivo da mineradora. "Estamos muito confortáveis de que eles (Freeport) de fato têm padrões muito elevados e as acusações não são corretas", acrescentou o porta-voz. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Reuters)