Título: Banco Central registra lucro de R$ 3,2 bilhões no semestre
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/08/2008, Nacional, p. A5

Brasília., 29 de Agosto de 2008 - O Banco Central apresentou lucro de R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 30,3 bilhões apurados em igual etapa do ano passado, segundo o resultado financeiro da instituição, anunciado ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A autoridade monetária historicamente registra prejuízo no balanço financeiro. Porém, no período anunciado reverteu essa posição em decorrência de uma alteração feita em seu no balanço financeiro. A Medida Provisória 435, aprovada em junho deste ano, permite a não inserção dos custos com o carregamento das reservas internacionais e com as operações de swap cambial reverso, custeados pelo Tesouro Nacional. Essas operações representaram prejuízo de R$ 44 bilhões entre janeiro e junho deste ano. Se a MP não tivesse sido criada, o BC teria registrado um prejuízo de R$ 41 bilhões no primeiro semestre de 2008, informou o diretor de Administração, Antero Meirelles. O lucro do Banco Central considera as receitas e despesas com juros incidentes sobre as operações na moeda brasileira. Custo-benefício Os ganhos foram gerados por operações como as reservas internacionais que hoje são de cerca de US$ 200 bilhões. Mas, segundo o diretor do Banco Central, a política de acúmulo de reservas, embora seja positiva para a economia brasileira, também onera o País. Apenas o custo com o carregamento dessas reservas internacionais atingiu R$ 38,8 bilhões no primeiro semestre deste ano. Enquanto as operações de swap cambial reverso apresentaram prejuízo de R$ 5,2 bilhões. "Se o Banco Central fizesse a sua contabilidade em dólares não teria prejuízo nenhum, mas como a contabilidade é feita em reais, na medida que o real se aprecia gera perda de valor em reais", disse o diretor. Antero Meirelles explicou que 30% dos ativos do Banco Central são em moedas estrangeiras. Esses ativos convertidos em reais somam R$ 359,5 bilhões. Os outros ativos do BC totalizam R$ 856 bilhões. Segundo ele, a Medida Provisória foi criada para "dar mais transparência" às operações cambiais da autoridade monetária. O diretor afirmou que o balanço financeiro do Banco Central ficava "obscurecido" na função de executar a política monetária para regular a oferta e demanda, que é a principal função da instituição. Se MP tivesse entrado em vigor no ano passado, o Banco Central não teria apresentado prejuízo, segundo observação do diretor. O ganho teria sido de R$ 2,7 bilhões, sobra do custo de R$ 33 bilhões com o carregamento das reservas internacionais daquele período. No segundo semestre de 2007, tal custo foi de R$ 19 bilhões, o que causou prejuízo ao Banco Central de R$ 17,2 bilhões. Neste caso, vale o mesmo exemplo dado para o primeiro semestre. Ou seja, se a MP já vigorasse na ocasião a autoridade monetária teria apresentado ganho de R$ 1,8 bilhão. O balanço do primeiro semestre é o segundo realizado com as normas internacionais de contabilidade, permitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB), em que não se contabiliza os custos com o carregamento das reservas internacionais e o das operações de swap reverso no balanço pelas novas regras na contabilidade do BC. Eles passam para as contas do Tesouro Nacional. Neste caso, os R$ 44 bilhões são contabilizados como passivo do Tesouro Nacional e como ativos do BC. O CMN também aprovou ontem o cancelamento oficial do funcionamento da filial do BankBoston no Brasil. O órgão regulamentou ainda a Lei 11.638, aprovada em 2007, que trata de Assuntos e Normas e Organização do Sistema Financeiro e Demonstração dos Fluxos de Caixa. Pela medida, por exemplo, os bancos não poderão mais manter na contabilidade as reservas de lucro e de capital na conta de lucro ou de prejuízos acumulados. Torna obrigatória a adoção, com ajustes, de pronunciamento técnico aprovado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), por instituições financeiras e demais autorizadas a funcionar. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Viviane Monteiro)