Título: Alcoa e CBA investem em produtos para construção
Autor: Collet, Luciana
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/08/2008, Empresas, p. C1

São Paulo, 29 de Agosto de 2008 - O bom desempenho da construção civil está fazendo as fabricantes de perfis de alumínio investirem na expansão da capacidade e em novas linhas de produtos, com destaque para o segmento de alto padrão. A Alcoa, por exemplo, lançou semana passada uma linha de esquadrias assinada pelo arquiteto Ruy Ohtake. Já a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) está investindo US$ 161 milhões em uma nova unidade de extrusão, que contará com uma linha de acabamento especial para dar ao alumínio um leque de cores além dos tradicionais fosco,champanhe, bronze e preto, contemplará também o vinho, cinza escuro, verde, azul e o "aço inox". A Única, como foi chamada a nova linha da Alcoa, recebeu investimentos de R$ 1,5 milhão e, de acordo com o diretor de extrudados da companhia, Luís Augusto Barbosa, a empresa deve gastar pelo menos o mesmo montante na divulgação do produto. Além disso, a empresa está ampliando a capacidade produtiva em 35%, projeto que deve ser concluído em 2011. "O mercado da construção civil está muito aquecido, e para atender a demanda vamos expandir nossa capacidade na fábrica de Tubarão em 60%", afirmou Barbosa, sem detalhar valores ou volumes. "Mas como esse projeto só fica pronto em 2011 no meio tempo religaremos um equipamento na fábrica de ferramentaria de Sorocaba (SP), o que nos garantirá expansão de 15% durante este período", acrescentou. A Alcoa possui quatro fábricas de extrudados no Brasil: Tubarão (SC), Itapissuma (PE), Sorocaba (SP) e Santo André (SP). O País é um dos poucos em que a companhia possui a divisão. Na maior parte do mundo, a área foi vendida. "A companhia manteve a divisão somente na América Latina, justamente pelo potencial da construção civil na região, que tende a crescer acima do PIB (Produto Interno Bruto) mesmo com o arrefecimento da economia mundial", disse Barbosa. No Brasil, a divisão responde por 15% do faturamento da companhia, que produz 96 mil toneladas de alumínio primário. O faturamento global da empresa é de US$ 30,7 bilhões. A CBA também está investindo em expansão. A empresa, que pode produzir até 40 mil toneladas de extrudados, deve ampliar em quase 50% a capacidade, para 78 mil toneladas, o que exigiu investimentos em uma nova área física, de 32 mil metros quadrados, integrada à fábrica de Alumínio (SP). O projeto, que começará a operar no primeiro trimestre do ano que vem, incluirá, além da nova linha de produção de perfis, a primeira linha de pintura da empresa e uma outra de anodização (processo de acabamento) que contará com tecnologia italiana de coloração do produto diferenciada em relação à simples pintura pois dá maior durabilidade à cor. De acordo com o diretor de vendas da CBA, Luis Carlos Loureiro Filho, como o produto exige processo mais sofisticado, inicialmente deverá ser direcionado para o mercado residencial de alto padrão. "Este é um segmento que ainda usa muita madeira", disse. A CBA atualmente tem capacidade para produzir 475 mil toneladas de alumínio primário e está passando por uma expansão para atingir 570 mil toneladas. Mesmo com a ampliação da empresa, a divisão de extrusão deve ganhar participação no total de volume produzido, dos atuais 10% para 14%. Consumo em alta Levantamento da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) indica que no primeiro semestre deste ano o consumo de alumínio pelo setor da construção civil cresceu 15,4%,acima dos 11,5% apurados no fechamento de 2007. Além dos perfis, o setor também consumo, ainda que em volume ainda baixo, chapas para revestimento do fachadas. "A construção civil vem se recuperando desde 2004 e agora algumas obras estão sendo concluídas, fase em que acontece o consumo de alumínio", explicou Loureiro. Barbosa ressaltou que a Alcoa tem crescido acima da média do mercado, ou cerca de 20%, o que já garantiu à companhia galgar 10 pontos percentuais de participação nos últimos cinco anos, e garantir 40% de market share . A razão para isso é a estratégia traçada pela companhia há cinco anos, quando decidiu criar uma rede de distribuição exclusiva, hoje com 26 lojas e previsão para alcançar 50 unidades até 2010. Além disso, pesou o investimento na renovação das linhas. Na busca por se proteger das "cópias não autorizadas", a empresa tem desenvolvido periodicamente novas linhas, de forma que antes que a patente de dez anos expire possa oferecer novos produtos para suas oito categorias de atuação, sendo três na área comercial, uma de gradil e guarda-corpo e outras quatro residenciais: uma mais popular, uma intermediária, uma de maior qualidade, uma de alto padrão, a Única. "Até agora atuávamos no País com uma linha de alto padrão antiga, que trazíamos da Itália e tinha limitações no mercado nacional devido à disponibilidade de componentes e acessórios", disse Barbosa, que espera aumentar em até três vezes a venda de produtos de alto padrão. Agora a companhia desenvolve a nova linha para a categoria logo abaixo, atualmente denominada "Gold". Dependendo do resultado com a Única, a Alcoa pode optar por também usar a assinatura de um designer nessa categoria. O investimento no projeto não foi divulgado, mas deve ser bastante superior ao da linha assinada por Rui Ohtake. "O número de produtos é muito maior, o que exige mais ferramentas e de horas de trabalho". Além da construção civil, o segmento de extrudados também fornece para setores como o automotivo e o de bens de consumo, na proporção de 65%, 30% e 10%, respectivamente. No primeiro semestre deste ano, o segmento registrou alta de 13,7% no consumo, com 85,6 mil toneladas de produtos vendidos. Para o ano, porém, a companhia espera um crescimento de 11,7%, totalizando 163,2 mil toneladas vendidas. Sob medida No segmento automotivo, como também em máquinas e equipamentos, a estratégia das empresas é investir no relacionamento com clientes e no desenvolvimento de produtos sob medida. Esse é o principal foco dos esforços da Hydro Alumínio Acro, do interior paulista que possui 10 anos de mercado e 15% do segmento de extrutados. A empresa transferiu a unidade de negócios de Diadema (SP) para a fábrica em Itu (SP), o que, segundo o diretor de desenvolvimento de novos negócios, Jorge Fragoso, deu agilidade no atendimento dos clientes e desenvolvimento dos produtos. "Em dois anos, crescemos entre 20% e 30% nesta atividade, que responde por cerca de 10% do faturamento , mas a idéia é aumentar para até 25% até 2010."(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Luciana Collet)