Título: Pontos positivos
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 29/04/2011, Economia, p. 10

ENTREVISTA - JAN STURESSON

Gustavo Henrique Braga No estudo Repensando o governo: inovação no setor público, que ouviu executivos de várias partes do mundo, o sueco Jan Sturesson, líder global de Governo e Serviços Públicos da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), detectou o temor dos empresários sobre os riscos enfrentados no auge da crise. O economista acredita que o governo não conseguirá deter a inflação, que teria até pontos ¿positivos¿, como o auxílio no fechamento das contas públicas.

A estimativa de inflação para 2011 já está em 6,34%, perto do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 6,5%. Isso representa uma ameaça ao crescimento do país? Eu não acho que a política governamental conseguirá segurar a inflação. Se você vai crescer fortemente, tem que incluir a inflação nesse cálculo. Uma pessoa cínica diria que essa inflação diminuirá as diferenças entre receitas e débitos. Se os preços sobem, criam um outro equilíbrio. Nós sabemos que isso leva a um debate político de que o único jeito de reduzir a dívida é elevar a receita.

Inflação alta não é prejudicial? Eu acho que você pode crescer com uma certa inflação, contanto que ela esteja sob controle. Há aqueles que dizem que o país precisa crescer, mas se assustam diante de uma expansão expressiva e dizem ¿desacelere a economia¿. Eu digo: mantenha o foco e faça as mudanças necessárias.

A elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi uma medida acertada para proteger a indústria contra o dólar desvalorizado? A questão é: quão eficiente você é no que você faz? Em muitos casos, um país perde competitividade porque o governo não fez corretamente o dever de casa. Setores como infraestrutura, aeroportos e transportes ineficientes podem afundar o país. Ao estabelecer essas barreiras, você fica empacado enquanto o resto do mundo continua a crescer.